África do Sul em "guerra" contra caçadores furtivos
6 de julho de 2011Na África do Sul, a caça ilegal de rinocerontes tem aumentado nos últimos anos. A este ritmo, o número de rinocerontes mortos no final de 2011 poderá ultrapassar o do ano passado, que foi de 333.
Joseph Okori, coordenador do programa para rinocerontes da organização ambientalista, fala numa “guerra” entre os “rangers” no terreno e os caçadores furtivos: “Os caçadores estão a utilizar espingardas sofisticadas, metralhadoras e estão artilhados com uma panóplia de armas. E isto levou a confrontos violentos”.
Só este ano, mais de 20 caçadores furtivos já terão sido mortos em confrontos, conta Okori. As forças de segurança não terão sofrido baixas.
Ásia é destino dos cornos de rinoceronte
Hector Magome, gestor dos Serviços de Conservação dos Parques Nacionais da África do Sul, refere que há uma ligação direta entre o abate ilegal de rinocerontes no país e a procura de cornos de rinoceronte na China e no Vietname. “A China é uma economia em crescimento. Hoje em dia, um chinês que estiver interessado num chifre de rinoceronte ganha mais do que anteriormente. Há uma procura para corno de rinoceronte”, disse.
Estes cornos são procurados pelas suas supostas propriedades medicinais. Nalgumas partes da Ásia, há quem diga que podem curar o cancro. Um só corno pode ser vendido no mercado negro internacional por dezenas de milhares de dólares.
No caso da África do Sul, Joseph Okori, da WWF, fala mesmo em “crime organizado”, patrocinado por organizações criminosas noutros países – em específico, no Vietname.
Okori salienta que a caça ilegal de rinocerontes aumenta também porque estas organizações “se aperceberam que, muito em breve, a sua rede será descoberta, devido ao cada vez maior número de investigações” e nota que “a pressão internacional irá levar à exposição de alguns dos financiadores em países como o Vietname”.
Por isso, diz, “está lançada” uma corrida para obter o maior número possível de chifres.
Autoridades aumentam combate à caça ilegal
Na África do Sul, o combate aos caçadores furtivos tem sido intensificado. Este ano, as forças militares começaram a patrulhar o Parque Nacional Kruger. Desde janeiro passado, as autoridades sul-africanas já prenderam 123 suspeitos de caça ilegal. Seis deles foram condenados.
Mesmo assim, para pôr um travão à caça furtiva de rinocerontes, Joseph Okori afirma que devem ser tomadas medidas também a montante: “Apelando a países como o Vietname para se sentarem à mesa e demonstrarem uma efetiva aplicação da lei e investigações no seu país”.
Autor: Guilherme Correia da Silva
Edição: António Rocha