É preciso investir mais nas crianças em África, diz UNICEF
13 de agosto de 2014Este ano deverá nascer em Moçambique quase um milhão de crianças. Tal como no ano passado e no ano anterior. Cada mulher moçambicana tem, em média, seis filhos, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
"A continuação desta taxa de fertilidade contribuirá para um crescimento da população de mais de 2,5 por cento por ano, além de contribuir para um crescimento exponencial das crianças", diz o representante da UNICEF em Moçambique, Koenraad Vanormelingen.
Outro dos fatores que contribui para esse crescimento é a redução da mortalidade infantil e juvenil, que, segundo Vanormelingen, baixou em metade nos últimos 15 anos, embora uma em cada 10 crianças morra antes dos cinco anos.
Falta preparação
De acordo com o "Geração 2030/Relatório sobre África", apresentado nesta terça-feira (12.08) pela UNICEF em Joanesburgo, na África do Sul, no próximo ano, mais de metade da população de 15 países africanos terá menos de 18 anos, incluindo Angola (54 por cento) e Moçambique (52 por cento).
O representante da UNICEF em Moçambique sublinha que o país não está preparado para dar assistência a esta faixa etária.
"O Estado tem de prover serviços sociais básicos para estas crianças – educação, saúde, nutrição, água e saneamento, por exemplo. Mas, como o Governo continua a destinar os mesmos 35 por cento do Orçamento para esses serviços, a cobertura vai retroceder por causa do aumento da população", diz Koenraad Vanormelingen.
O responsável está convicto que, se o Governo destinasse 40 por cento do Orçamento para os serviços sociais básicos, seria possível ver progressos até 2020.
Planeamento familiar
É preciso também apostar mais no planeamento familiar, refere o representante da UNICEF. "O mais importante para reduzir o número de nascimentos é a educação. Mas, infelizmente, temos aqui, no país, um grande problema nessa área."
Moçambique está no "top dez" dos países que, até 2050, mais contribuirão para o aumento populacional em África, devendo crescer em 33 milhões de habitantes. Os atuais 14 milhões de crianças aumentarão em 11 milhões.
Ainda segundo o Relatório da UNICEF, em 2015, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe estarão em sexto e oitavo lugar, respetivamente, na lista dos 10 países africanos com maior percentagem de população urbana, e Cabo Verde será um dos países do continente mais densamente povoado.