2017: O ano de África para a Alemanha
3 de janeiro de 20172017 é ano de eleições na Alemanha. E, nestes anos, o debate político costuma centrar-se em temas internos, como a segurança, a idade de reforma e o sistema de saúde. Presta-se pouca atenção à política externa.
Mas África tem um lugar reservado na agenda política alemã. Em dezembro, a Alemanha assumiu a presidência do grupo das vinte maiores potências mundiais, o G20. E África é uma prioridade, segundo a chanceler Angela Merkel: "Vamos estudar formas de ter melhores mecanismos para amplificar o desenvolvimento económico em África, além das formas tradicionais de ajuda ao desenvolvimento."
O Governo alemão detalha um pouco mais da estratégia num documento sobre as questões-chave para a cimeira do G20 em Hamburgo, Alemanha, prevista para julho de 2017: o foco será criar melhores condições para os investidores privados em África. Prevê-se ainda investimentos na saúde, em infraestruturas e para mitigar os riscos das alterações climáticas. Deverá também haver uma conferência especial na capital alemã, Berlim, para reforçar a parceria com o continente africano.
Resta saber se as palavras se transformarão em atos concretos. Na cimeira do G8 sobre África em Gleneagles, em 2005, as maiores economias mundiais prometeram aumentar a ajuda ao desenvolvimento para África em 25 mil milhões de dólares, até 2010. Mas, segundo a OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, o continente só recebeu 11 mil milhões adicionais. Vários países, como a Alemanha, não cumpriram com o que prometeram.
Uma data a anotar é 7 e 8 de julho, altura em que as maiores economias mundiais se encontram aqui na Alemanha, numa cimeira onde os investimentos em África serão um dos temas centrais.
Aumento de militares alemães no Mali
Entretanto, espera-se que, agora em janeiro, Berlim aumente o número de tropas alemãs na missão das Nações Unidas no Mali - de 650 para 1000 efetivos. A ampliação ainda tem de ser aprovada pelo Parlamento alemão. No país, tem-se debatido pouco a presença alemã no Mali, mas isso pode mudar.
Segundo Hans-Peter Bartels, comissário parlamentar para as Forças Armadas, "as forças alemãs estão bem protegidas. Andam com o material adequado e têm drones para fazerem o reconhecimento do terreno. Mas esta é a missão mais perigosa das Nações Unidas. É o que diz a organização. E é o que os números mostram."
Nos primeiros dez meses de 2016, morreram no Mali 70 capacetes azuis e funcionários das Nações Unidas. Mas o perigo não demove Berlim. A ministra alemã da Defesa, Ursula von der Leyen, disse em meados de dezembro que, nesta missão no Mali, é preciso ser paciente.