50 anos de União Africana: o balanço dos africanos
24 de maio de 2013A 25 de maio de 1963 nasceu a Organização da Unidade Africana, formada inicialmente por 30 Estados. Na lista dos membros fundadores da organização não estão países lusófonos, pois Portugal ainda não lhes tinha concedido a independência.
A partir de 2002, a Organização da Unidade Africana deu lugar à União Africana, hoje com 54 membros. Fomos a dois deles. Perguntámos a cabo-verdianos e são-tomenses o que pensam sobre a organização.
José Maria Semedo, geógrafo (Cabo Verde)
"A UA é um esforço dos países africanos para criar um espaço de diálogo, cooperação e reivindicação política a nível internacional. Há um esforço para construir esta União, que começou desde a Organização da Unidade Africana (OUA) em 1963, mas ainda estamos muito longe de terminar essa construção."
Amarízia Barbosa, professora universitária (Cabo Verde)
"Para mim, a União Africana (UA) é um conjunto de países africanos, que estão unidos para se apoiarem mutuamente. Sobretudo, para que os países que têm mais condições possam ajudar os que têm menos."
André Tavares, estudante (Cabo Verde)
"Sobre a UA não sei tanta coisa, só vejo pelo telejornal e nos jornais, mas nunca me interessei por esta temática. Nunca tentei saber o que fazem ou deixam de fazer."
Lourenço Gomes, historiador (Cabo Verde)
"A ideia da UA é uma ambição legítima dos africanos no sentido de ver África organizada para que os Estados e as suas instituições possam funcionar em rede ou na lógica federativa, tal como tem acontecido em outras partes do mundo, designadamente na Europa. É claro que a analogia com a realidade europeia é perigosa porque em África encontramos uma complexidade enorme em relação à organização e ao aparecimento das várias culturas que formam um mosaico extremamente complexo. Uma analogia com a Europa não me parece ser a mais desejável e a mais exequível."
Margarida Moreira, jornalista (Cabo Verde)
"Acho que [a UA] foi uma boa forma que os países africanos encontraram para se unirem e conseguirem ter uma boa intervenção a nível económico, porque a cooperação económica, a cooperação sul-sul, ao nível da educação e na cooperação a vários outros níveis, faz com que África seja no mundo a potência que é. Sem essa União, dificilmente o continente conseguirá ter uma representatividade em termos económicos no mundo."
Daena Neto, assistente executiva no Ministério da Justiça (São Tomé e Príncipe)
"Antes de tudo, a União Africana significa para mim uma oportunidade para ver todos os povos africanos juntos a trabalhar por um objetivo comum. Para em conjunto defenderem os seus interesses. E assim, quem sabe, um dia conseguirmos ter alguma voz a nível internacional."
Olívio Diogo, sociólogo (São Tomé e Príncipe)
"Há muitas diferenças entre os países africanos que poderiam ser ultrapassadas, mas que eles não querem ultrapassar. Enquanto os países africanos não decidirem ultrapassar essas barreiras não se pode falar de uma verdadeira União Africana. Falo de barreiras no que diz respeito à moeda, livre circulação ou a questão da ingerência dos Estados. Para mim, a União Africana continua a ser um projeto que não tem solução e não atingirá bom porto em tão pouco tempo."
Elisa Barros, embaixadora (São Tomé e Príncipe)
"Para falar da União Africana temos de nos reportar um pouco à OUA. Porque a União Africana surge em 2002 para a substituir, talvez para cumprir algumas lacunas que a OUA deixou: A união de toda a África, a integração regional e o combate à pobreza."
Enerlid Franca, empresário (São Tomé e Príncipe)
"Para mim, a União Africana é hoje um projeto falhado. A União Africana tem tido um papel muito aquém daquilo que realmente deve fazer em termos da defesa, economia ou das políticas sociais. Ainda temos muito mais que fazer para chegar àquilo que se pretende e que motivou o surgimento da organização."