623 mil pessoas recebem apoio devido à seca em Moçambique
13 de abril de 2016Cerca de um milhão e meio de pessoas estão em situação de insegurança alimentar devido à seca no centro e sul de Moçambique.
O Governo de Maputo decretou alerta vermelho durante os próximos noventa dias que visa melhorar a mobilização de vários parceiros e da garantia da distribuição de água e alimentos.
Paulo Tomás, porta-voz do Instituto Nacional da Gestão de Calamidades em Moçambique, explica: "Em 1,5 milhão de pessoas afetadas, está garantida a assistência alimentar, neste momento, de cerca de 623 mil pessoas, no mês de abril. Através dos fundos do plano de contingência e aquisição de produtos, está-se também a mobilizar todos os esforços, no sentido de assistir à outra parte que ainda não tem ajuda garantida".
Só na Província de Tete, 334 mil pessoas estão afetadas pela seca. Também nas províncias de Maputo, Zambézia, Sofala, Manica, Gaza e Inhambane milhares de pessoas estão a precisar de ajuda.
"A seca está a criar fome e desemprego"
Policarpo Tamele, também ativista social, garante que os efeitos são cada vez mais devastadores. "É uma seca severa e está a desprover a maior parte da população, que depende da agricultura, fazendo com que as pessoas percam subsistência alimentar. A seca está a criar fome a desemprego", afirma.
O também diretor da Agência de Desenvolvimento e Empreendedorismo ressalva ainda que o facto de o Governo ter "aparecido em primeira mão" a emitir este alerta vermelho, faz com que se forme uma ampla plataforma de solidariedade. "Esta não pode ser uma ação isolada, tem que surgir um movimento mais global e tem que aparecer o setor privado e as ONGs", conclui.
Paulo Tomás explica que este problema é cíclico: "O país é caraterizado por calamidades cíclicas, mas este ano os fenómenos estão mais agravados devido à prevalência do El Niño, que está a afetar toda a África Austral".
Entretanto, Policarpo Tamele sublinha a importância em encontrar soluções que resultem a médio e longo prazo.
"Ao emitir este alerta vermelho, o Governo tem em vista enviar também uma mensagem na gestão dos poucos recursos hídricos que dispomos, para gerir a água. Eu creio que estão a ser tomadas medidas que poderão no futuro, a médio ou a longo prazo, vir colmatar ou diminuir esta situação, principalmente através da construção de regadios, represas e silos para garantir a segurança alimentar.
O fenómeno da seca está a registar-se um pouco por toda a África Austral e o Malawi declarou esta quarta-feira (13.04) Estado de Desastre Nacional.