7 dicas para descobrir "fake news"
11 de setembro de 2019As eleições em Moçambique, marcadas para 15 de outubro, aproximam-se a passos largos, e várias organizações estão preocupadas com a possibilidade de circulação de notícias falsas, as chamadas "fake news".
Sobretudo desde o advento das redes sociais, estas notícias parecem espalhar-se cada vez mais rapidamente. E o alarme "soa" mais alto em períodos eleitorais, uma altura em que a Internet e as redes sociais são utilizadas como ferramenta pela propaganda política e para a disseminação de mensagens caluniosas.
Preocupadas com este fenómeno, várias organizações não-governamentais moçambicanas juntaram-se recentemente em Maputo para discutir os perigos das "fake news" em época eleitoral e preparar os jornalistas.
Na conferência "Combate às fake news", realizada em julho, o presidente da agência de notícias Lusa, Nicolau Santos, disse que "o difícil é reagir sozinho, há necessidade de atuar em conjunto", envolvendo diferentes órgãos e entidades.
Eduardo Constantino, secretário nacional do Sindicato Nacional de Jornalistas Moçambicanos, disse em entrevista à DW África que está preocupado com o fenómeno, e alertou os jornalistas para os cuidados a ter perante as "fake news" no processo de produção das notícias.
"As fake news não devem servir de fonte de informação. Devem, sim, servir de inspiração para uma investigação", apelou Constantino.
Trazemos aqui sete dicas que podem ser usadas para comprovar a veracidade de algumas notícias difundidas através da Internet, com destaque para o Facebook e o WhatsApp.
1. Verifique a fonte da informação
Primeiro, é preciso olhar para a fonte da notícia. Se é uma fonte estranha, de que nunca ouviu falar, talvez esta possa ser uma "fake news". É uma fonte de confiança?
Por outro lado, em muitas ocasiões, várias páginas de notícias usam como fonte matérias publicadas em outros sites, em línguas diferentes. Neste caso, um erro de tradução pode tornar a informação numa "fake news". Assim, recomenda-se a verificação da fonte primária da matéria, ou seja, o site que publicou a notícia em primeira mão. Verifique também se não houve erros na tradução. É também importante verificar se o site é de confiança.
2. Olhe para a página onde está a ler a matéria
Nos dias que correm, há muitos sites de informação e canais no YouTube cujo foco é a disseminação de notícias falsas. Preste atenção. É sempre bom desconfiar de tudo o que se lê na Internet. Se está a ler uma notícia ou uma informação numa página de que nunca ouviu falar, procure conhecê-la - verifique, por exemplo, se tem uma secção "Sobre". Veja ainda se possui informações básicas, como os contatos dos responsáveis da publicação e qual é a sua reputação.
Ao mesmo tempo, preste atenção ao nome do autor da notícia. É conhecido? Será um pseudónimo? O que diz a pesquisa do Google, por exemplo? Será que já é "famoso" por publicar "fake news"?
Neste quesito, antes de partilhar uma notícia pela Internet (principalmente nas redes sociais), pare e reflita, antes de se tornar mais um disseminador de "notícias falsas".
3. Leia a notícia completa
Esta é uma das regras-chave. Nunca tire conclusões precipitadas lendo apenas o título e o primeiro parágrafo das notícias. Vá ao fundo da questão, leia todo o artigo. Assim fica mais informado e depois poderá decidir melhor se vale a pena partilhar ou não.
4. Leia outros artigos na mesma página
Esta é uma das formas de medir a confiabilidade das notícias de uma determinada página na Internet. Tente sempre ler mais informações publicadas na plataforma. Assim descobrirá, por exemplo, se já houve casos de desmentidos das notícias publicadas por este meio. Se for esse o caso, o melhor a fazer é descartar a notícia.
5. Procure possíveis erros ortográficos e de formatação
Esta é uma das dicas de "ouro". Os sites de Internet profissionais preocupam-se com a apresentação da sua página inicial. Essa é uma das caraterísticas que distingue estas páginas de muitas outras usadas para disseminação de "fake news" e que não são geridas por profissionais de jornalismo ou de comunicação. Logo, ao ler uma notícia numa página de Internet, preste atenção ao "layout" do site, à formatação das matérias e ao número de erros ortográficos.
6. Olhe para a data da publicação
Atualmente, muitas pessoas publicam ou compartilham notícias, fotos ou vídeos sem olharem sequer para a data em que esses conteúdos foram publicados originalmente, fazendo com que temas ultrapassados pareçam novos.
Outro problema é que, muitas vezes, a realidade dos factos é manipulada. Vezes sem conta as "fake news" caraterizam-se pelo uso excessivo do sensacionalismo.
7. Use ferramentas online para verificar as notícias
Há uma outra forma de descobrir possíveis "fake news" - o motor de busca do Google pode ser a solução. Se receber uma notícia pelo WhatsApp ou por outra rede social de que desconfie, copie uma parte do texto e coloque no motor de busca do Google, em "Notícias". Assim terá a possibilidade de verificar se outras plataformas publicaram a matéria em causa. Ou seja, não se baseie apenas num único meio de comunicação ou website. Tente confrontar as informações.
Para o caso de vídeos, o procedimento é semelhante. Veja quem enviou o vídeo e vá ao YouTube ou use a pesquisa de vídeos do Google (Google Video Search) para certificar se há, ou não, mais versões do vídeo que acaba de receber. Assim verificará, por exemplo, se o conteúdo do vídeo corresponde ao contexto indicado.
Para fotografias pode usar a ferramenta de pesquisa de imagens do Google (Google Image Search), para verificar se as fotos que estão a ser partilhadas são antigas.
Sendo assim, antes de clicar no botão "share" (compartilhar), tenha sempre uma atitude crítica. Recomenda-se que tenha a certeza da veracidade da informação que pretende partilhar. Lembre-se que, se partilhar uma informação falsa, ela poderá ser reproduzida por milhares de utilizadores nas redes sociais. E isso pode impactar a vida de outras centenas ou milhares de pessoas.
Sugerimos ainda algumas páginas online especializadas na verificação de notícias: pode visitar o Factcheck, o PolitiFact e o Snopes.