A voz pela equidade na África do Sul: Desmond Tutu
Foi o primeiro bispo negro da Igreja Anglicana de Joanesburgo e posteriormente da Cidade do Cabo. Juntamente com Nelson Mandela, lutou pelo fim do apartheid na África do Sul. Morreu a 26 de dezembro de 2021 aos 90 anos.
Envelhecer graciosamente
Tutu nasceu em 1931 numa cidade de mineiros chamada Klerksdorp. Mais tarde tornou-se professor. Quando o regime racista sul-africano do apartheid começou a discriminar alunos negros, renunciou ao cargo. Desmond Tutu seguiu uma carreira de teologia, tornando-se assim o primeiro bispo negro de Joanesburgo. Aqui, Tutu estava a celebrar o seu aniversário de 86 anos.
Companheiro de Mandela
Muitos sul-africanos colocam agora Tutu no mesmo pedestal que Nelson Mandela. Como primeiro Presidente negro eleito democraticamente da África do Sul, Mandela defendeu os ideais políticos, enquanto Tutu defendia os ideais espirituais da "Nação Arco-Íris", sustentam muitos pesquisadores. Para estes, a África do Sul sem Tutu é inimaginável.
Criador da Comissão de Verdade e Reconciliação
Depois que o apartheid foi abolido, Mandela pediu a Tutu para liderar a Comissão de Verdade e Reconciliação (CVR). O objetivo era que as vítimas e transgressores se reconciliassem pelos crimes cometidos durante o apartheid. Tutu e a CVR lutaram para que a justiça fosse permeada por perdão e reconciliação. O bispo apresentou a Mandela o relatório final da CVR em 1998.
Nobel da Paz por lutar contra o apartheid
A oposição não violenta de Desmond Tutu ao apartheid foi reconhecida quando recebeu o Prémio Nobel da Paz, em 1984. Enquanto Mandela e outros combatentes pela liberdade estavam na prisão, Tutu assumiu a luta contra a segregação racial. Na imagem, Egil Aarvik, presidente do Comitê do Nobel em Oslo, entrega o prémio.
Um monumento vivo
Em 2005, um monumento em homenagem aos vencedores do Prémio Nobel da Paz da África do Sul foi erguido no porto da Cidade do Cabo. A escultora Claudette Schreuders imortalizou os quatro homens: Albert Luthuli (1960), Desmond Tutu (1984) e F.W. de Klerk e Nelson Mandela, que compartilham o Prémio Nobel da Paz de 1993.
Líder espiritual com conexões internacionais
O arcebispo Desmond Tutu foi chamado de líder moral da África do Sul, por defender os direitos humanos e se opor a toda discriminação. O apelido de 'Nação do Arco-Íris' da África do Sul é atribuído a ele. Conhecido pelo seu humor, Tutu é considerado um “tesouro mundial”. Na foto um encontro com Dalai Lama, o líder espiritual do Tibete, na Cimeira da Paz de 2006 em Hiroshima.
Tutu para o mundo
Quando a África do Sul sediou a Copa do Mundo FIFA em 2010, Tutu se mostrou um verdadeiro patriota. Na imagem traja o uniforme completo dos Bafana Bafana (como a seleção sul-africana de futebol é conhecida) no jogo de abertura do torneio entre a África do Sul e o México. A única coisa que falta é uma vuvuzela, o instrumento ensurdecedor da plateia nos estádios sul-africanos.
Autoridade moral
Nelson Mandela convidou Desmond Tutu para participar da organização “The Elders” (“Os mais velhos”, em tradução livre). A entidade, que busca cooperação mundial para os direitos humanos, ganhou o apoio de personalidades internacionais, incluindo o ex-Presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter e o ex-secretário da ONU Kofi Annan.
Tutu, um homem de família
A esposa de Desmond Tutu, Leah Nomalizo Tutu, esteve do seu lado durante todo o apartheid. Também ela ativista, casou-se com Tutu em julho de 1955 - antes de Tutu passar de professor a bispo. O casal teve quatro filhos e nove netos. Juntos, têm uma fundação que defende resolução de conflitos. Parabéns, Tutu!
Morte no natal de 2021
Desmond Tutu morreu no dia 26 de dezembro de 2021 aos 90 anos. O arcebispo anglicano estava debilitado há vários meses, durante os quais não falou em público, mas ainda cumprimentava os jornalistas que acompanhavam cada uma das suas saídas, como quando foi tomar a sua vacina contra a Covid-19 num hospital ou quando celebrou os seus 90 anos em outubro de 2021.