Acordo histórico entre UEFA e Associação Europeia de Clubes
7 de fevereiro de 2019É um memorando histórico para o futebol europeu: a UEFA e a ECA (sigla inglesa para a Associação Europeia de Clubes) assinaram, em Roma, um documento que afasta definitivamente a possibilidade de criação, à revelia da UEFA e sem o apoio da FIFA, de uma "super liga" europeia envolvendo equipas dos cinco mais fortes países continentais (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália).
A "ameaça" era real e tinha partido de uma consulta efetuada pelo Real Madrid para construir uma competição paralela à Liga dos Campeões, envolvendo 16 grandes emblemas do futebol europeu, a partir de 2021. Os "merengues" projetaram um torneio com 11 clubes das cinco ligas dominantes, acrescido de cinco formações históricas de campeonatos considerados "periféricos" (como o holandês, o belga, o russo e o português). Desde logo, e após a revelação dos planos madridistas, o Presidente da FIFA, Gianni Infantino, veio a terreiro sublinhar que qualquer equipa eventualmente envolvida nessa competição seria banida da possibilidade de disputar o Mundial de Clubes, sob a égide da federação mundial.
Memorando válido até 2024, menos pressão nos calendários
Agora, é o esloveno Aleksander Čeferin que coloca uma pedra sobre as intenções de "rebelião", chamando a associação de clubes e o seu líder (o italiano Andrea Agnelli, Presidente da Juventus) à assinatura de um "memorando de entendimento", em que as duas partes se comprometem, em conjunto, a continuar a procurar soluções "para o fomento, a promoção e o desenvolvimento do futebol europeu".
A existência de um "movimento silencioso" envolvendo os "big six" da liga inglesa (Manchester United, Manchester City, Arsenal, Chelsea, Tottenham e Liverpool) foi revelada pelo Football Leaks em novembro passado e perde qualquer sustentabilidade com o acordo agora firmado entre UEFA e ECA, tanto mais que, para lá de Čeferin (que será hoje, na capital italiana, reeleito para um segundo mandato como presidente do organismo que gere o futebol europeu), também Greg Clarke, o líder da federação inglesa, será vice-presidente da FIFA.
Outro dos objetivos essenciais do acordo agora rubricado é a garantia de um calendário menos pesado para os principais clubes, seleções e jogadores. A necessidade de garantir períodos adequados de repouso e treino obriga a que os calendários competitivos sejam repensados, para evitar sobrecarga de momentos competitivos que acabam por retirar aos protagonistas a possibilidade da manutenção de um rendimento elevado.
Golos fora de casa podem deixar de valer a dobrar
O Comité Executivo da UEFA estuda a abolição da regra dos "golos fora" como fator de desempate para as eliminatórias das duas competições. Depois de escutar alguns dos principais treinadores do futebol europeu, parece consensual a ideia de que, atualmente, é mais fácil marcar golos na condição de visitante do que sucedia há alguns anos (fator que, aliás, conduziu à implementação deste fator de desempate).
Desta forma, é altamente provável que, nos próximos anos, tal regra deixe de existir nos regulamentos específicos das competições da UEFA, passando cada golo a valer de modo unitário, em qualquer circunstância. Todavia, a decisão final em relação a esta matéria só deverá ser tomada na próxima reunião do Comité Executivo, marcada para 29 de maio, em Baku, no Azerbeijão.