Alemanha ajuda Moçambique a melhorar produção de leite
19 de outubro de 2016Os produtores de leite em Moçambique enfrentam várias dificuldades, como a baixa produção devido ao preço que os compradores estão a pagar pelo produto e as doenças de que as vacas leiteiras padecem.
Situação que se agrava para os produtores que, agregados em cooperativas, têm de adquirir todo o tipo de equipamentos para melhorar a qualidade de produção de leite.
“O Governo tem estado presente [no sector], mas ainda não nos ajuda a resolver as difiuldades que enfrentamos”, lamenta Luís Junior, produtor da Cooperativa Leiteira Boa Vida. A falta de apoio contribui para baixar a produção, sublinha.
Luís Júnior queixa-se ainda de excessivos gastos em toda a cadeia de produção do leite, que não chegam a compensar o valor investido. “Se formos a contabilizar os gastos, o custo da produção do leite é superior ao valor que nos pagam na compra. Então isto não motiva os produtores”, acrescenta Luís Júnior.
António Muyombo, da Cooperativa Nyaleite, tem 21 vacas leiteiras e espera que, com mais formação, possa melhorar a produção. “Com estes animais poderiamos fazer pouco mais de 300 litros e ainda ter a esperança de podermos produzir, em média, 500 ou 550 litros por dia”, acredita o produtor.
Aprender com sistema mais mecanizado
Foi a pensar nisto que a Confederação das Cooperativas Alemãs decidiu apoiar as suas congéneres moçambicanas no melhoramento da produção de leite.
A primeira ação dos alemães foi selecionar cooperativas nas províncias de Manica e Sofala, no centro do país, para dar a oportunidade aos seus produtores de aprenderem todas as técnicas de produção de leite no Brasil, onde “o padrão de produção é muito diferente”, afirma Antonie Bossei, presidente da Federação das Cooperativas Alemãs.
No Brasil já existe uma produção muito mais mecanizada, com fazendas extensas e um grau de industrialização maior, acrescenta. “Porque não vale a pena enviar pessoas para aprender a pilotar um avião quando ainda está a treinar a condução do carro. Achámos que era mais adequada” a escolha do Brasil para formação, explica Antonie Bossei.
Em Moçambique, os produtores não possuem acompanhamento para melhorar a sua produção. Mas durante os três meses de estágio, em que deverão residir numa fazenda no Brasil, os produtores deverão ser acompanhados.
“Pensamos que pode surgir muito destas interações interpressoais. Cursos, aulas, manuais, tudo isso é necessário. Achamos muito valioso este dia a dia”, diz otimista Antonie Bossei, presidente da Federação das Cooperativas Alemãs.
Devido à escassez de empresas de processamento de leite, Moçambique gasta, em média anual, cerca de 200 milhões de dólares (mais de 180 milhões de euros) na importação de derivados deste produto.