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Angela Merkel deixará presidência do seu partido CDU

29 de outubro de 2018

Após a derrota do seu partido em eleições regionais, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, não vai recandidatar-se à presidência da União Democrata Cristã (CDU). "É tempo de abrir um novo capítulo", afirmou.

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Berlin Merkel-Pressekonferenz nach Hessen-Wahl
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Schreiber

Depois da derrota do seu partido nas eleições regionais de Hesse, a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou que não se vai recandidatar à presidência da União Democrata Cristã (CDU) num congresso partidário agendado para dezembro.

Merkel garantiu, por outro lado, que vai continuar a chefiar o Governo da Alemanha, mas que o mandato atual como chanceler, que termina em 2021, será o seu último. 

"Hoje, é tempo de abrir um novo capítulo", afirmou Angela Merkel esta segunda-feira (29.10). "Esta decisão é o meu contributo para que a coligação se possa focar no seu esforço para uma boa governação."

Eleições regionais: voto contra grande coligação de Merkel

Merkel anunciou a decisão um dia depois das eleições no estado federado de Hesse, onde os dois partidos da grande coligação de Berlim sofreram grandes perdas.

A União Democrata Cristã, de Angela Merkel, perdeu 11,3 pontos percentuais, obtendo apenas 27,0% dos votos. Por sua vez, o parceiro de coligação da chanceler, o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), perdeu 10,9 pontos percentuais, ficando em segundo lugar com 19,8% - foi o pior resultado dos social-democratas nesta região desde a Segunda Guerra Mundial.

Landtagswahl in Hessen 2018 - Wahlplakate
As eleições regionais em Hesse não correram bem às duas grandes forças políticas que governam a AlemanhaFoto: picture-alliance/dpa/Revierfoto

Hesse é o estado onde, tradicionalmente, CDU e SPD conquistam mais votos. Por isso, os resultados da votação de domingo (29.10) são vistos como uma punição do eleitorado à grande coligação de Merkel em Berlim.

Os Verdes, que empataram com 19,8% com o SPD (+8,7%), e o partido populista de extrema direita AfD (Alternativa para a Alemanha) com 13,1% (+9,0%) foram os partidos que mais subiram nas preferências dos eleitores. Na última legislatura, o estado de Hesse foi governado por uma coligação entre a CDU e os Verdes e é provável que haja uma reedição deste governo regional, mesmo com uma maioria menos confortável de um deputado no parlamento regional.

A 14 de outubro, os partidos da grande coligação de Berlim sofreran uma outra derrota histórica, nas eleições regionais no estado da Baviera. A União Social Cristã (CSU), partido irmão da CDU na Baviera, teve com 37,2% (-10,5%) o seu pior resultado desde 1950. O SPD alcançou apenas 9,7% dos votos (-10,9%), o pior resultado desde a Segunda Guerra Mundial em eleições regionais, ficando apenas em quinto lugar.

Fim da simbiose entre chefia do partido e da chancelaria

Até agora, Angela Merkel sustentava que a liderança da CDU e da chancelaria eram duas posições que deveriam ser ocupadas pela mesma pessoa, enquanto o partido estivesse à frente do Governo, e já havia manifestado a sua intenção de concorrer a um novo mandato à frente da CDU no congresso do partido em dezembro.

No entanto, os setores mais conservadores do partido mostraram-se insatisfeitos com a intenção de Merkel de se recandidatar à eleição. Porém, até agora não havia nenhuma candidatura contrária com peso político.

Deutschland - Annegret Kramp-Karrenbauer, Generalsekretärin der CDU
Annegret Kramp-Karrenbauer é tida como a favorita de Angela Merkel à sua sucessãoFoto: picture-alliance/dpa/G. Fischer

Quem será o sucessor de Merkel?

A atual secretária-geral da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer já anunciou a sua candidatura à presidência do partido, segundo relatou o semanário "Die Zeit". Kramp-Karrenbauer já foi primeira-ministra do estado de Sarre (de 2011 a 2018) e é vista por muitos analistas como a sucessora designada por Angela Merkel. O atual ministro

Na ala mais crítica da CDU à liderança de Merkel, o atual ministro da Saúde, Jens Spahn, também já anunciou a sua candidatura. Além dele, o ex-presidente do grupo parlamentar Friedrich Merz, também se manifestou disposto a assumir a liderança, "se o partido assim o quiser". Friedrich Merz é tido como um representante da ala conservadora do partido e abandonou a linha de frente da política depois de um conflito com Merkel em 2002.

Sobre o seu sucessor, Angela Merkel disse esta segunda-feira que aceitará "qualquer decisão democrática que seja tomada" pelo seu partido.

Johannes Beck
Johannes Beck Chefe de redação da DW África