Extrema-direita afasta membro que propôs "gasear" refugiados
28 de setembro de 2020Trata-se de Christian Lüth, um ex-porta-voz do partido AfD na câmara baixa do Parlamento alemão (Bundestag).
A decisão de o demitir, sem aviso prévio, foi tomada por unanimidade pelo conselho executivo do grupo parlamentar da AfD na câmara baixa do Parlamento alemão, de acordo com o partido.
As declarações polémicas deste quadro da AfD remontam a fevereiro passado e foram gravadas por uma equipa de uma televisão privada alemã, tendo sido tornadas públicas nesta segunda-feira (28.09).
Durante uma conversa, Christian Lüth defendeu "a chegada de ainda mais refugiados" ao território alemão, argumentando então que "quanto pior for a situação na Alemanha, melhor é para a AfD".
Nessa mesma conversa, gravada então pelo canal privado ProSieben e esta segunda-feira (28.09) transmitida pela mesma estação, Christian Lüth acrescentou: "Depois pudemos abatemo-los todos. Isso não constitui qualquer problema. Ou gaseá-los, ou o que vocês quiserem. Não me importo!".
Origens arianas
A gravação da conversa foi divulgada sem mencionar o nome de Christian Lüth, mas vários meios de comunicação social alemães identificaram o ex-porta-voz parlamentar e a AfD decidiu avançar com o seu despedimento.
Christian Lüth, de 44 anos, já tinha sido suspenso pelo partido em abril último, após ter reivindicado origens "arianas" e de se ter designado como "fascista".
Trabalhava para a AfD desde 2013 e ocupava o cargo de porta-voz do grupo parlamentar desde a entrada do partido de extrema-direita na câmara nacional de deputados em 2017.
Rivalidades internas
Este caso surge numa altura em que o seio da AfD, o principal partido da oposição na câmara dos deputados alemã, tem sido afetado, durante os últimos meses, por várias rivalidades e disputas internas entre a ala mais moderada e a ala radical, que está próxima dos movimentos neonazis.
A fação radical da AfD, cuja influência tem vindo a crescer, defende, nomeadamente, o fim da cultura de arrependimento face aos crimes perpetrados pelo regime nazi entre 1933 e 1945.
A polícia alemã decidiu recentemente colocar esta fação da AfD sob vigilância, justificando que o movimento representa uma ameaça para o Estado democrático alemão.