Alemanha vai devolver "Bronzes do Benim" à Nigéria em 2022
30 de abril de 2021Em 2022, a Alemanha planeia devolver à Nigéria artefactos antigos e saqueados, mais conhecidos como "Bronzes do Benim", depois de especialistas de museus e líderes políticos terem finalmente chegado a acordo na quinta-feira (29.04).
A maioria dos artefactos foram pilhados pelas forças britânicas durante uma expedição militar ao território que é hoje a Nigéria, em 1897. As placas e esculturas metálicas do século XVI-XVIII que decoraram o palácio real do reino do Benim estão entre as obras de arte africanas mais conceituadas.
Atualmente estão espalhadas por vários museus europeus. O Museu Etnológico de Berlim, por exemplo, possui cerca de 530 artefactos do reino do Benim, incluindo cerca de 440 bronzes.
Agora, o próximo passo será a elaboração de um roteiro para o regresso das obras ao país de origem, que deverá estar concluído nos próximos meses.
Um marco histórico
A ministra da Cultura da Alemanha, Monika Grütters, classificou hoje a declaração conjunta acordada quinta-feira (29.04) sobre a futura gestão dos "Bronzes do Benim" nos museus alemães como um "marco histórico" na "responsabilidade histórica e moral de trazer à luz o passado colonial da Alemanha e lidar com ele".
O tratamento que se vai dar aos bronzes "será um teste", acrescentou Grütters, que diz ter ficado "feliz e grata" porque os chefes dos museus alemães, os líderes regionais da Cultura e os representantes do Ministério dos Negócios Estrangeiros concordaram "em desenvolver uma posição consensual na Alemanha para alcançar um entendimento comum com o lado nigeriano".
O objetivo deste acordo, afirmou, é "a maior transparência possível" e, acima de tudo, uma restituição substancial. "Desta forma queremos contribuir para a compreensão e reconciliação com os descendentes do povo que viu os seus tesouros culturais serem saqueados durante a era colonial", sublinhou a ministra.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas, também classificou o acordo como "um ponto de viragem na abordagem da história colonial" no país. Disse ainda que a questão da cooperação museológica com África passou a fazer parte da agenda política da Alemanha, que tem procurado o diálogo com os seus parceiros nigerianos.