Pais impedem alunos de irem à escola no norte de Moçambique
5 de dezembro de 2016Ou a RENAMO começa a governar ou as crianças não vão às aulas. Pais e encarregados de educação não estão a dar muitas alternativas aos alunos do distrito de Majune, na província do Niassa.
A denúncia é feita por Laurentino Roupene, que trabalha numa organização que defende os direitos das crianças na província nortenha, a Associação Amigos Da Criança Boa Esperança (ACABE). "Naqueles povoados onde a RENAMO teve vantagem, os alunos não estudam", afirma. "Dizem 'estamos à espera do nosso presidente Afonso Dhlakama', de quando ele chegar ao poder - é nessa altura em que teremos aulas'. E, naqueles povoados, as salas estão às moscas".
O distrito de Majune é tido como um bastião da RENAMO. O apoio ao maior partido da oposição em Moçambique é maior nas pequenas localidades e povoados dos postos administrativos.
Escolas da FRELIMO?
Elídio Lule Sacassa, residente na vila sede do distrito de Majune, diz, por exemplo, que muitos pais proíbem os filhos de frequentar o ensino porque são escolas da FRELIMO, o partido no poder.
"A situação das desistências no distrito de Majune é uma situação mais alarmante, muito mais no posto administrativo de Nairobi, na localidade de Nambilagem. Lá, a maioria dos residentes é da oposição", explica Elídio Sacassa.
"Quando o conselho da escola passa nas casas para mobilizar as crianças, os pais proíbem. Alegam que a escola é da FRELIMO. Como são da RENAMO, não querem mobilizar os seus educandos para a escola."
A DW África contactou os serviços de Educação, Juventude e Tecnologia no distrito de Majune, que não se quiseram pronunciar sobre o assunto.
Sensibilizar as comunidades
Laurentino Roupene, da ACABE, promete intensificar as campanhas de sensibilização nas comunidades, "no próximo ano".
Anteriormente, explica, a associação esteve "em algumas zonas onde se praticavam essas políticas, mas, com a ACABE, os alunos começaram a voltar às escolas". Segundo Roupene, é o caso das instituições de ensino em "Nairobi, Namilagem, Luambala e Chimpupu".
"O que nos resta agora é a partir de Insilo, Megualo e Matucuta, onde há esse fluxo de partidos políticos", conclui.