Amnistia Internacional condena Gâmbia enquanto Ocidente permanece em silêncio
24 de fevereiro de 2011O presidente da Gâmbia, Yahya Jammeh, ameaça de morte os ativistas dos direitos humanos, acusando-os de desestabilizar o país. Ao mesmo tempo, o governo anuncia que vai reintroduzir a pena de morte.
A Gâmbia vive há 17 anos sob a ditadura do presidente Jammeh, que chegou ao poder com um golpe de estado, em 1994. De acordo com Sidiki Kaba, presidente honorário da Federação Internacional para os Direitos Humanos, o regime tem vindo a endurecer, tornando-se cada vez mais autoritário: “O regime militar de Yahya Jammeh espezinha os direitos humanos e cívicos”.
O ministro gambiano dos negócios estrangeiros, Mamadou Tangara, tem uma opinião contrária. Segundo ele, o presidente e o seu governo estão sobretudo interessados em desenvolver o país e para isso é necessário governar com mão firme:
“Isso não significa que se violem os direitos humanos. O que queremos é ajudar o povo. Para os nossos países é importante ter uma população disciplinada que trabalhe para o futuro dos seus filhos e na concretização dos nossos objetivos comuns”, diz Tangara.
Mas segundo a Amnistia Internacional, na Gâmbia não há liberdade de imprensa. As forças de segurança detêm alegados adversários do governo e mantêm-nos presos sem culpa formada, nem julgamento, sendo por vezes torturados.
Silêncio ocidental
Apesar de, à partida, poder ser fácil exercer pressão sobre a Gâmbia, porque o país depende muito da ajuda externa, Mathias Basedau, do Instituto de Estudos Africanos, afirma que a Europa não estabelece condições claras:
“O Ocidente precisa do país na sua luta contra o tráfico de droga, uma vez que este atua agora na África Ocidental, vindo da América Latina”, afirma. “Precisa, portanto, da cooperação de governos que nem sempre têm uma grande legitimação democrática”.
Autor: Ute Schäffer/Carlos Martins
Revisão: Guilherme Correia da Silva/António Rocha