Ana Gomes: "Não me intimidam em Portugal, nem em Angola"
26 de maio de 2018"Não me intimidam, nem aqui em Portugal, nem em Angola, os corruptos que querem envenenar as relações e envenenam efetivamente, fazendo Portugal funcionar como lavandaria daqueles que roubam Angola", afirmou Ana Gomes, em declarações à agência de notícias Lusa, à margem do 22.º Congresso do PS, no distrito de Leiria, em Portugal.
De acordo com a eurodeputada, ela está "numa cruzada em Portugal, na Europa, em solidariedade com Angola e com todos aqueles que no mundo inteiro se batem contra a corrupção e contra as violações dos direitos humanos que resultam da corrupção".
Referindo-se às suas últimas declarações sobre a transferência para Angola do processo contra o ex-vice-Presidente Manuel Vicente, acusado em Portugal de corrupção e branqueamento de capitais, Ana Gomes reiterou os seus comentários.
"O que eu disse – e mantenho – não é que tivesse havido alguém, responsável político, do Governo ou até o próprio Presidente da República, que tivessem ido pessoalmente pressionar os juízes da [Tribunal] Relação para adotarem a decisão que adotaram, (...) o que eu digo é que a pressão política, a influência política foi feita às escancaras, por muitos elementos responsáveis políticos portugueses, nos media portugueses e pelo próprio Estado angolano", frisou.
Para a eurodeputada, o Presidente angolano, João Lourenço, tornou "a relação com Portugal refém da solução que queria para o caso, que foi aquela que foi viabilizada pelo Tribunal da Relação".
"Ervas daninhas"
No editorial deste sábado, o jornal detido pelo Estado angolano reage às recentes declarações da eurodeputada, que afirmou que a transferência para Luanda do processo do ex-vice-Presidente de Angola – que era exigida pelas autoridades angolanas e que o Governo português classificava como "o único irritante" nas relações bilaterais – "foi fabricada".
No texto é ainda referido que, "de algum tempo a esta parte, uma das vozes desestabilizadoras, do tipo ervas daninhas" das relações entre Angola e Portugal, "com recurso ao que para muitos parecem tentativas frustradas de ajuste de contas políticas, tem sido indubitavelmente a eurodeputada socialista, Ana Gomes". O jornal fala mesmo numa "cruzada" de Ana Gomes "contra o Estado angolano e contra as autoridades angolanas", nas posições assumidas.