Analista político defente o diálogo para resolver a crise em Bissau
2 de agosto de 2011Nesta segunda-feira (2/08), a oposição na Guiné-Bissau decidiu adiar para a próxima sexta-feira a marcha política que tem como uma das intenções exigir a demissão do primeiro-ministro do país Carlos Gomes Júnior.
Segundo Vitor Pereira, da principal força política da oposição parlamentar guineense, o Partido da Renovação Social, o adiamento foi decidido para dar mais tempo ao presidente do país Malam Bacai Sanhá para terminar as consultas sobre a exigência de demissão do primeiro ministro.
Para a oposição, o Gomes Júnior deveria ser demitido por Sanhá ou renunciar ao cargo por livre e espontânea vontade. Ele deve responder à justiça para esclarecer as alegadas implicações nos assassinatos de políticos da Guiné-Bissau em 2009 que também mataram o ex-presidente 'Nino' Vieira, defende a oposição no país.
Entrevista com especialista ´
A Deutsche Welle conversou com o analista político Rui Landim, de Bissau, que disse que a ação da oposição se enquadra no exercício democrático de um país: "E o governo precisa prestar contas, naturalmente governar e, se puder, justificar os seus atos", falou em entrevista.
Neste caso específico, disse o analista, "trata-se de uma situação de mal estar depois do assassinato do presidente da República. As coisas se agravaram depois dos assassinatos de militares e deputados, às vésperas das eleições antecipadas", acredita.
Para o guineense, toda essa crise política no país é por falta de diálogo. "O governo tem se mantido muito distante e a oposição se sente marginalizada". Landim defendeu que isto acaba constituindo um sinal de desconfiança para ambas as partes.
À DW, ele disse ainda que é preciso saber, por exemplo, como está o dossiê da investigação dos assassinatos.
Conselho de Estado entra num acordo
O Conselho de Estado do país, que esteve reunido por mais de quatro horas na Presidência da República, também recomendou a adoção do diálogo como forma para resolver a mais recente crise política que assola a Guiné, disse aos jornalistas o porta-voz do órgão, Francisco Benante.
Ele observou: "Sanhá sabe que é um assunto muito sério e que para manter a estabilidade, deve-se resolver o problema. A intenção até nem é evitar os problemas, é antes procurar vias de resolução dos problemas que vão surgindo sucessivamente".
Segundo a agência de notícias Lusa, o porta-voz recusou-se a revelar as posições de cada membro sobre a exigência de demissão do primeiro-ministro, mas admitiu que o assunto "foi tema de análise" quando se falou da situação geral do país.
O primeiro-ministro já disse várias vezes, em outras ocasiões, que não pretende se demitir. Ele teria solicitado à Procuradoria-Geral a abertura de um inquérito sobre as acusações das quais tem sido alvo.
Autora: Bettina Riffel
Edição: António Rocha