Angela Merkel defende uma solução política para a Líbia
6 de julho de 2011Depois de Londres, Jean Ping deslocou-se a Berlim, onde se encontrou esta terça feira com a chanceler alemã Angela Merkel.
Na visita de Jean Ping a Berlim foram abordados os grandes temas da atualidade africana, com destaque para a Líbia, mas também a situação no Sudão e a independência do Sudão do Sul marcada para o próximo sábado, a Costa do Marfim e a cooperação entre as Uniões Europeia e Africana. Por outro lado, assuntos como a consolidação da democracia, o Estado de direito, a luta contra a corrupção e a boa governação em África fizeram parte das discussões entre a chanceler alemã e o presidente da comissão da UA.
Angela Merkel também falou com Jean Ping sobre a visita que vai efetuar na próxima semana ao Quénia, a Angola e à Nigéria .
Jean Ping reitera em Berlim o empenho da UA numa solução política para a Líbia
Na semana passada, os chefes de Estado africanos aprovaram um novo plano de paz para a Líbia que prevê negociações entre mediadores e as partes em presença, mas com o coronel Muammar Kadhafi afastado das conversações.
Ao destacar a boa cooperação existente entre a Alemanha e a União Africana, Merkel também assegurou a Jean Ping que a União é a "voz de África". A chanceler disse, por outro lado, que partilha a opinião do presidente da comissão da UA segundo a qual uma solução política para o conflito na Líbia deve ser encontrada.
“ A União Africana , sempre esteve empenhada a favor de uma solução política e é nesta via que a UA continuará a trabalhar. Neste caso temos muitos pontos em comum", destacou Merkel.
Uma posição que foi em seguida confirmada por Jean Ping ao afirmar que “neste contexto estamos dispostos a trabalhar com o resto do mundo na procura de uma solução política para a saída da crise na Líbia”.
"É preciso encontrar uma solução também para a Líbia após a saída do poder do coronel Kadhafi", sublinhou a chanceler alemã. Jean Ping, contudo deixou claro que compete ao povo líbio decidir quem assumirá o destino da Líbia no futuro.
Depois do cessar-fogo tem que haver uma transição consensual
“ O importante depois do cessar-fogo”, disse Ping “é a transição e defendemos que ela deverá ser "consensual".
Entretanto, observadores notam que um ponto onde Jean Ping não teria encontrado o apoio de Berlim não foi abordado: o facto da União Africana ter solicitado aos seus 53 membros para ignorarem o mandato de prisão lançado pelo Tribunal Penal Internacional - TPI - contra Muammar Kadhafi.
Ping, destacou ainda as profundas aspirações do povo líbio, que vão da democracia ao desenvolvimento, passando por um Estado de direito, a boa governação e o respeito pelos direitos do homem, antes de confirmar que o coronel Kadhafi não vai participar nas conversações com vista a uma solução para a crise líbia.
Autor: António Rocha
Edição: António Cascais