Angela Merkel no norte de África com refugiados na agenda
2 de março de 2017O Governo alemão pretende apoiar na proteção das fronteiras, a fim de combater o tráfico de pessoas no Mar Mediterrâneo, que todos os anos causa milhares de mortos. Berlim quer também acelerar os procedimentos para deportar requerentes de asilo rejeitados para os seus países de origem.
No Egito, Angela Merkel deverá falar sobre a guerra civil na vizinha Líbia, de onde muitas pessoas partem todos os dias em barcos rumo à Europa. A chanceler alemã deverá também abordar a questão de um possível acordo sobre os refugiados, como aconteceu com a Turquia, prevê Joachim Paul, diretor da Fundação alemã Heinrich Böll na capital tunisina Tunes.
"O Governo Federal e a União Europeia (UE) estão a fazer tudo para trazer uma mudança à política de migração. Neste contexto, a UE pretende que sejam tomadas medidas no norte de África para evitar que migrantes e refugiados atravessem o Mediterrâneo com destino a Itália e à Grécia", explica.
No entanto, a Human Rights Watch (HRW) apelou à chanceler alemã a não prosseguir com acordos que possam fazer com que os refugiados fiquem encurralados na Tunísia e no Egito. Países "que não podem garantir um tratamento digno ou um acesso significativo ao asilo", segundo a organização de defesa dos direitos humanos.
Críticas ao regime egípcio
Aos olhos de Berlim, o Egito é "um país importante" pelo seu tamanho e influência na região. No entanto, subsistem fortes críticas ao regime. "O regime comete as piores violações dos direitos humanos da história moderna do Egito, tal como denunciou a Human Rights Watch", sublinha o diretor da Fundação Heinrich Böll, próxima dos Verdes.
A chanceler Angela Merkel disse recentemente que o Egito é "elemento estabilizador" na região do norte de África em crise. No entanto, Joachim Paul tem algumas reservas.
"Duvido que o regime garanta a estabilidade, tendo em conta o atual Presidente e a situação económica, mas sobretudo a política de diretos humanos", explica.
O especialista lembra ainda que a segurança tem piorado em vez de melhorar. "E a luta contra o terrorismo não é apenas contra organizações jihadistas, mas tem sido também usada para eliminar a oposição política", conclui.
Combate ao terrorismo
Na Tunísia, Angela Merkel deverá centrar-se na questão do terrorismo, devido aos problemas que surgiram depois do atentado que fez 12 mortos em dezembro, em Berlim. O autor do atentado, o tunisino Anis Amri, viu o seu pedido de asilo rejeitado, mas não foi possível deportá-lo.
O Governo alemão garantiu que a chanceler Angela Merkel não irá abordar a possibilidade de criar no Egito ou na Tunísia campos para os refugiados que pretendem chegar à Europa – uma ideia avançada pela Áustria que já foi rejeitada por Berlim.