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Influência de Isabel dos Santos tem pernas para andar?

10 de novembro de 2017

José Eduardo dos Santos já não é Presidente de Angola para continuar a garantir facilidades a filha. Será que só as habilidades de empresária de Isabel dos Santos são suficientes para lhe garantir poder e influência?

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Isabel dos Santos, filha dos ex-Presidente de Angola José Eduardo dos SantosFoto: picture-alliance/dpa

"A filhinha do papá", como também a designam, continua a ser uma das cem mulheres mais influentes do mundo, na posição 74, de acordo com o "ranking" da Forbes. A revista avalia a fortuna de Isabel dos Santos, em 2017, em cerca de 3,4 mil milhões de dólares, quando em 2016 andava em 3,2 mil milhões.

Tem interesses na banca, telecomunicações e minas, para além de dirigir a Sonangol, a pretolífera estatal angolana. É acusada de ter ascendido no mundo dos negócios graças ao seu pai.

Mas agora que José Eduardo dos Santos já não é Presidente do país a sua filha continuará a beneficiar de tráfico de infuência? O economista angolano Precioso Domingos desconfia que não: "É evidente que não tendo lá [na Presidência] o pai, que era uma peça-chave obviamente que isto vai ser um grande abalo do ponto de vista desta influência aqui em Angola, fundamentalmente."

Sonangol é ou não uma garantia de poder?

Angola Dr. Precioso Domingos
Precioso DomingosFoto: Privat

Mesmo que não venha a "abocanhar" todas as novas oportunidades de negócio, como tem acontecido, Isabel dos Santos ainda gere a mais importante empresa de Angola, a Sonangol. Esta é o garante da economia do país. Uma posição que continua a conferir-lhe poder e influência.

Mas há quem dissocie essa posição privilegiada do "ranking" da Forbes. O sociólogo angolano João Batista Lukombo é um deles e sublinha: "Mas a posição dela de uma das mulheres mais influentes é anterior a sua nomeação ao cargo de PCA (Presidente do Conselho de Administração) da Sonangol. Então não considero que seja a Sonangol que fez dela uma das mais influentes."

João Lourenço quer acabar com a "festa"?

Joao Manuel Goncalves Lourenc Verteidigungsminister Angola
João LourençoFoto: picture alliance/dpa/R.Jensen

De qualquer modo o novo Governo liderado por João Lourenço já está a tomar algumas medidas que põe em causa o conforto de Isabel dos Santos no domínio dos negócios. Competitividade é uma das bandeiras do novo Presidente.

Por exemplo, na telefonia móvel a Unitel de Isabel dos Santos opera ao lado da Movicel, empresa pública, e praticamente não há concorrência entre elas. E já no Governo anterior foi aprovada a entrada de um terceiro operador em 2018, a Angola Telecom, embora com suspeitas de entraves por parte das operadoras já no mercado. A situação poderá colocar em causa a hegemonia da empresária.

O economista Precioso Domingos espera melhores momentos: "Acredito que agora que começam a entrar novos operadores no mercado, e que não entrem em concertação com as outras empresas que já operam no mercado, aí sim, coloca-se uma situação de mais concorrência ao nível desse setor."

Mas Domingos lembra que Isabel dos Santos ainda tem trunfos na manga: "E tudo agora dependerá da Unitel beneficiar ou jogar e a seu favor o facto dela ser incumbente no mercado, ela chegou primeiro."

A hora da verdade? E este é o momento para se por a prova as competências de Isabel dos Santos como empresária, ou da sua equipa de assessores estrangeiros pagos a preço de ouro, ou do petróleo. E caso seja demitida da Sonangol, onde as pressões para isso são grandes, as chances de perda de influência são colocadas na balança.

!10.11.17. ONLINE Isabels dos Santos Influencia - MP3-Mono

Precioso Domingos diz que "a influência depende da capacidade das pessoas fazerem as coisas acontecerem, e isso também está associado a capacidade de fazer networking. Mas acredito que a capacidade da própria pessoa em gerar riqueza está em não depender muito de ligações políticas".

E o economista conclui: "Mas no caso da engenheira Isabel dos Santos não tendo aí o pai penso que isso vai permitir responder a esta questão, porque as pessoas sempre relacionaram o seu sucesso a presença do pai na presidência".

Nádia Issufo
Nádia Issufo Jornalista da DW África