Angola continua a debater-se com problema das ravinas
9 de abril de 2023O problema das ravinas em Angola é antigo e não tem sido resolvido nas intervenções anteriores no país. Só na província do Cuando Cubango existem pelo menos 7 ravinas.
O Governo angolano disponibilizou perto de 100 mil milhões de Kwanzas, o equivalente a cerca de 181 milhões de euros, para intervir nas mais de 800 ravinas que existem no país.
No entanto, o ambientalista Jerónimo Maria defende medidas mais robustas.
"Estas empresas apenas betumam as ravinas, o que nós não achamos a melhor solução. A melhor solução seria mesmo responder de forma mais natural. Sem descurar a hipótese de combinar o betão com a defesa natural sobretudo a plantação de bambus. Mesmo nas quatro esquinas das pontes, nas duas margens dos rios, devemos plantar bambus para evitar também a corrosão do solo, além de ser ecologicamente saudável”, explica.
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As ravinas colocam a vida de vários cidadãos em risco. O ministro das obras públicas, urbanismo e habitação, Carlos Alberto dos Santos, garantiu em março que há disponibilidade financeira para resolver o problema no âmbito do programa nacional de intervenção.
Segundo o responsável, tudo vai depender dos governos provinciais.
"Há dois meses o Presidente da República aprovou um programa de intervenção que contempla a nível nacional 742 ravinas com um orçamento de 96 mil milhões de kwanza que vai ser feita por fases”, salientou.
No Cuando Cubango, o município do Cuito Cuanavale é o mais afetado pelo problema das ravinas perigosas.
Para o agente social e defensor dos direitos humanos Alberto Viagem, a exploração desenfreada de madeira e a sua transportação estraga as estradas e provoca a degradação dos solos.
"Creio que há necessidade do Estado intervir já nestas questões em todas as localidades em que há indícios de existência de ravinas. Quer por via de serviços de engenharia, mas também com ações preventivas como plantações de árvores, para que sejam evitadas piores situações”.
Alberto Viagem sugere também a orientação da população no sentido de não fazer construções habitacionais em determinadas áreas.
Intervenções têm sido feitas
Já Joaquim Domingos, chefe do departamento dos serviços provinciais de estradas do Cuando Cubango, disse à DW que têm sido feitas intervenções sobretudo em áreas junto às estradas.
"Nós temos de estar sempre atentos por causa destes fenómenos que complicam a vida do cidadão. O INEA – Instituto Nacional das Estradas de Angola, sendo uma instituição que zela pelas estradas nacionais, tem de estar atenta no sentido de ver quando o fenómeno começa a evoluir ou a surgir para ter a capacidade de dar respostas atempadas”.
Segundo Joaquim Domingos, a intervenção mais recente ocorreu nos 50 quilómetros do troço Caiundo-Savati, sendo que existem outras intervenções planeadas para o futuro.