Luanda investiga dispersão da vigília em homenagem a músico
16 de março de 2023Em entrevista exclusiva à DW África, o diretor nacional dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça, Yanick Bernardo, começa por afirmar que a sua instituição não foi oficialmente notificada sobre a realização da vigília em homenagem ao falecido músico moçambicano Azagaia.
O encontro no centro de Luanda, no fim-de-semana, em honra do rapper, que morreu na semana passada, foi disperso pela polícia.
Investigação em curso
Ativistas e cidadãos que participavam no evento, no Largo da Sagrada Família, queixam-se de violação do direito à reunião e manifestação. Yanick Bernado pede que os queixosos se dirijam aos comités locais dos direitos humanos: "Não basta só divulgar ao nível da imprensa. Nós recebemos esta informação via imprensa."
Bernardo diz que, ainda assim, a sua instituição já solicitou informações à Polícia, mas que os cidadãos, "naturalmente, e pela via protocolar, também nos poderão fazer chegar essa inquietação. Nós vamos encaminhar e entender os motivos que estiveram na base de não ter sido realizada esta vigília."
Prémio dos direitos humanos
As queixas dos manifestantes angolanos fazem-se ouvir na mesma semana em que foi lançada a 2ª edição do Prémio Nacional dos Direitos Humanos em Angola. Até ao dia 31, as inscrições estão abertas para um galardão que, segundo Yanick Bernardo, é também um sinal aos cidadãos porque "visa sensibilizar a própria sociedade para que tenha uma maior participação naquela que é a gestão da política pública dos direitos humanos no país."
O responsável disse à DW África que o prémio pretende valorizar "o mérito, a excelência, a competência e pró-atividade das personalidades e instituições que se tenham destacado em matérias de promoção, defesa e proteção dos direitos humanos a nível da nossa sociedade".
Segundo o Jornal de Angola, até esta quarta-feira havia registo de 90 candidaturas nacionais ao Prémio dos Direitos Humanos.