Angola: Governo preocupado com falsos pastores em Cabinda
3 de janeiro de 2025Não é a primeira vez que surgem denúncias sobre vários falsos pastores que celebram casamentos, batismos e comunhões sem possuírem formação teológica.
Desta vez, a informação foi confirmada pelas autoridades da província de Cabinda. Ernesto Barros André, secretário da Cultura, promete uma resposta do governo local.
"Chamar cada confissão religiosa no sentido de proibir esses que se dizem ministros de Cristo para que deixem de exercer a atividade pastoral", disse, reforçando que é nesse sentido que estão a trabalhar para "poder disciplinar essas pessoas."
Centenas de casos ilegais
Em Angola, as estimativas apontam para que existam mais de mil denominações religiosas não reconhecidas. Pelo menos 97 têm comissões instaladoras e remeterem os seus processos ao Instituto Nacional de Assuntos Religiosos. Apenas 23 estão credenciadas e certificadas.
Em Cabinda, o Governo da província tem conhecimento de um total de 713 locais de cultos e um universo de 1606 pastores.
Ernesto Barros André reconhece que muitos estão ilegais e admite que o fenómeno tem-se alastrado. O secretário da Cultura deixa o alerta.
"As igrejas que devem abrir portas em Cabinda são as igrejas que foram reconhecidas pelo Ministério da Cultura", acrescentou.
Falta de proteção social
Mas os problemas não ficam por aqui. Têm surgido queixas recorrentes que colocam em causa a segurança dos cultos. Um dos casos mais recentes sucedeu há poucos dias.
Uma rapariga de 14 anos terá sido alvo de abuso sexual por parte de um pastor que admitiu o crime em declarações à DW.
Outro ponto de discussão das autoridades em Cabinda prende-se com a falta de proteção social das autoridades religiosas.
De acordo com Isabel Vicente, da Secretaria Provincial da Administração Pública Trabalho e Segurança Social, é fundamental garantir direitos e benefícios.
"As igrejas devem formalizar uma folha de salário, uma vez que há pessoas que auferem um salário de 60 mil kwanzas (cerca de 64 euros). São 5 por cento para as autoridades religiosas sem filhos e sete por cento para as entidades que têm dependentes", explicou.
Isabel Vicente afirma ainda que maior parte das igrejas na província não inscreveu, nem paga segurança social aos associados.