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Angola: Greve dos professores marcada por uma detenção

25 de abril de 2017

Arranque da segunda fase da paralisação dos professores, que acontece em época de exames, ficou marcado por detenção do responsável da SINPROF em Luanda. Greve deve terminar a 5 de maio.

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Guilherme Silva, secretário-geral do Sindicato dos Professores Angolanos (SINPROF)Foto: DW/ P. Borralho Ndomba

A primeira fase da greve convocada pelo Sindicato dos Professores Angolanos (SINPROF), entre 5 e 7 de abril, deixou várias escolas do país fechadas por falta de professores. Durante a paralisação, os sindicalistas fizeram várias denúncias de "retaliações e intimidações" contra os docentes.

Esta terça-feira (25.04.), os professores angolanos iniciaram a segunda fase da greve, convocada sábado passado pelo SINPROF, e que deverá manter-se até ao próximo dia 5 de maio, em pleno período de exames. Aumentos salariais e atualização de carreiras, propostas que o governo não responde desde 2013, são as razões da paralisação.

Nesta terça-feira (26.04.), segundo dia dos exames, os professores faltaram ao trabalho. À DW África, uma professora que dá aulas numa escola do município do Ícolo e Bengo, e que não se quis identificar, afirmou esperar que a paralisação pressione as autoridades a darem resposta às reclamações dos educadores.

Segundo a docente, há muita gente a morar no centro de Luanda e a trabalhar no centro de Catete a passar por dificuldades por causa dos transportes. "Esta greve veio para nos ajudar porque precisamos de um salário justo e que o governo atualize as categorias e os subsídios. Ainda que não regularizem a questão dos subsídios de transporte, que atualizem as categorias ", reivindica.

Demonstration der SINPROF in Lubango, Angola
Manifestação do SINPROF, em 2013, no Lubango, AngolaFoto: DW/A. Vieria

Patrícia Manuel e Isabel António são alunas do sétimo ano na Escola 8051, no Município de Cacuaco, província de Luanda. Tinham agendado para esta terça-feira (25.04.) um exame, no entanto, por causa da greve, este não teve lugar.

Para estas alunas, a paralisação dos professores poderá por em causa o ano letivo. "Ficámos à espera que nos mandassem entrar nas turmas e não nos diziam nada”, descreveram em entrevista à DW África, acrescentando que o anúncio de greve, colado na parede da escola, dá conta que os alunos só devem retornar à escola no próximo dia 5 de maio. "E também estão a dizer que vamos fazer as provas no período das férias", acrescentam.

Balanço positivo, apesar da detenção

O secretário-geral do Sindicato dos Professores Angolanos, Guilherme Silva, fez um balanço positivo do arranque desta greve e lamentou a detenção de Fernando Laureano, responsável da SINPROF em Luanda. Guilherme Silva explicou que o sindicalista está detido no comando da Polícia de Cacuaco por não ter permitido que o diretor municipal da Educação coagisse os professores a trabalharem no dia da greve: "Não temos muitos pormenores. O nosso advogado já está a caminho de Cacuaco."

O Secretário-geral do SINPROF diz que o facto de realizarem a paralisação no período das provas não é sinónimo de prejudicar os alunos. Para Guilherme Silva, esta é uma forma de "ensinar os alunos a lutar pelos seus direitos para que possamos ter um ensino de qualidade”. "Cabe os alunos ou os encarregados de educação, perguntarem ao ministro da Educação o porquê desta interrupção das aulas", sugere o sindicalista, alegando que se o governo atendesse as queixas, os docentes estariam a dar aulas.

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SINPROF pede demissão do Ministro da Educação

Guilherme Silva lembra que as questões em cima da mesa têm vindo a ser reivindicadas desde 2013. De acordo com o sindicalista, "se o ministro considerasse isso como uma prioridade, e anualmente colocasse isso nas projeções orçamentais, hoje não estaríamos aqui a tratar desta questão".

Segundo informações divulgadas pelo SINPROF, o Ministério da Educação terá remetido ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos, um documento segundo o qual os docentes de classes sujeitas a exames finais devem receber, anualmente, um subsídio especial. No entanto, Guilherme Silva afirma que os educadores nunca receberam tais remunerações e por isso exige a demissão do ministro Pinda Simão. "Ele deve pôr o seu lugar a disposição porque não tem condições de continuar a ocupar o cargo de ministro da Educação ", frisa.