Angola: Inflação vai continuar alta em 2021, diz consultora
28 de dezembro de 2020Analistas da consultora NKC African Economics afirmam que "a inflação aumentou nos primeiros 11 meses deste ano, apesar das fracas condições económicas globais e locais, que resultaram principalmente da queda dos preços do petróleo este ano e da liberalização cambial de 2019 e que fizeram com que a moeda tenha perdido 26% do seu valor desde o princípio do ano".
"A depreciação do Kwanza vai continuar a colocar pressão nos preços dos consumidores, devido à forte dependência de Angola dos bens importados, que é evidente pelo facto de a maior parte da inflação ser motivada pelo aumento dos preços alimentares", acrescentam numa nota a que a Lusa teve acesso.
Além disso, alertam, "a implementação gradual do novo Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), de 14%, bem como o aumento previsto nas propinas do ensino superior, vão colocar mais pressão na inflação em 2021".
Depreciação de 60% do Kwanza
A consultora NKC African Economics reviu em novembro a estimativa de evolução da inflação em Angola, antevendo uma subida de 22,4% nos preços e uma depreciação de 60% da moeda nacional, o Kwanza, este ano.
Os analistas dizem esperar uma inflação média de 22,4% este ano, agravando-se face aos 17,1% registados no ano passado, e prevendo que abrande o crescimento para 20% no próximo ano.
Os preços em Angola aumentaram 1,99% entre outubro e novembro, segundo um relatório mensal do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano divulgado em meados de dezembro, que coloca a inflação acumulada a 12 meses no valor mais alto desde novembro de 2017.
A classe Alimentação e Bebidas não Alcoólicas foi a que, segundo o INE angolano, "mais contribuiu para o aumento do nível geral dos preços", sendo responsável por 1,13 pontos percentuais do aumento de 1,99% em novembro.
O valor registado em novembro deste ano representa um aumento de 0,18 pontos percentuais e, em termos homólogos, de 0,46 pontos percentuais face aos 1,53% registados no mesmo período do ano passado.
Redução do preço do barril de petróleo
No acumulado dos últimos 12 meses, Angola soma um aumento de 24,9% dos preços no consumidor, um valor que ultrapassa os 24,7% entre dezembro de 2016 e novembro 2017.
Já desde o início do ano, a inflação em Angola soma 22,57%, valor semelhante ao registado nos primeiros 11 meses de 2017, quando alcançou os 22,21%. Em relação a 2019, isto representa um aumento de 7,86 pontos percentuais face aos 14,71% então registados.
Na proposta do Orçamento Geral do Estado angolano para 2021, Luanda estima uma taxa de inflação acumulada anual de 18,27% para o próximo ano.
Devido à pandemia de Covid-19, verificou-se uma redução do preço do barril de petróleo, o que levou a que os estados-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus parceiros reduzissem a produção, de modo a equilibrarem o preço do barril de petróleo.
No final de novembro, o Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola manteve a previsão de 25% de inflação para o presente exercício económico "pelo que continuará a monitorizar todos os fatores monetários determinantes da inflação".