Angola: Lixo em Menongue deixa a população em alerta
1 de agosto de 2023Lixo espalhado pelas ruas e à porta das casas é o cenário vislumbrado, todos os dias, por Artur Kakoma, que vive no bairro Tchipeio, nos arredores de Menongue, na província do Cuando Cubango. Para ele, este cenário nauseabundo, que se repete um pouco por todo o país, não é tolerável.
"O lixo é uma situação muito complicada, principalmente para nós que vivemos próximos dos contentores", admite. "São mais de três bairros a depositarem lixo num único contentor, e as empresas de lixo não têm tomado conta da situação", alerta.
Mais contentores
Artur Kakoma diz que a solução para o problema passaria por aumentar o número de contentores. No entanto, tanto ele como outros moradores acusam as empresas de recolha de lixo e a administração local de não estarem empenhados em resolver a situação.
Os moradores dizem que o lixo empilhado nas ruas é um perigo para a saúde pública, pois serve de incubadora para doenças como a malária - água estagnada e detritos podem atrair insetos e contribuir para a disseminação de doenças infetocontagiosas.
De acordo com as autoridades sanitárias, foram registados, só em Menongue, nos primeiros seis meses deste ano, mais de 74 mil casos de malária.
Segundo os moradores, a "sorte" é que ainda não chegou o tempo chuvoso. Mas a culpa é também dos moradores, afirma outro cidadão.
"Muitas das vezes, há negligência da parte dos vizinhos, porque não têm deitado o lixo nos locais próprios. Deitam-no nas ruas e no chão, e isto também não tem contribuído para o desenvolvimento da província e do país no geral", denuncia o morador Daniel Diamante.
Melhorias lentas
A DW contactou a administração municipal de Menongue, mas não foi possível obter uma reação à situação da acumulação de lixo na cidade.
Para o ambientalista e académico Manuel Alberto Camuenho, tem havido melhorias no saneamento básico de ano para ano. "Em relação ao passado, podemos entender que [a situação] está a evoluir para um saneamento básico adaptado ao ordenamento do território", revela.
"Temos o problema das empresas que tratam o próprio lixo, mas a educação ambiental ainda não é a mais sadia possível", acrescenta.
O cidadão António Correia pede soluções, o mais rápido possível. "Há momentos em que o lixo chega ao portão e as pessoas não têm como ficar no quintal por causa do cheiro e das moscas", adverte.
"O local onde fica o lixo não é o apropriado. A administração não se pronuncia sobre as fragilidades nas recolhas e sobre outros problemas apresentados sobre saneamento básico", lamenta.