Movimento Protectorado denuncia perseguição pela polícia
10 de janeiro de 2017Há relatos de dirigentes que teriam abandonado suas residências por medo de virem a ser raptados ou mortos, segundo o Movimento Protectorado Lunda Tchokwe, organização que reivindica há vários anos a autonomia da região angolana, rica em diamante. Queixam-se de perseguição por elementos afetos aos serviços secretos e da Polícia Nacional Angolana.
Os relatos surgem cinco dias depois da realização de uma manifestação na região diamantífera de Cafunfo, na província da Lunda Sul, na última quinta-feira (05.10).
O líder da organização, José Mateus Zecamuchima, diz estar na posse de informações que apontam para a possibilidade dos órgãos de segurança colocarem armamento nas residências dos dirigentes do Movimento Protectorado para que essa seja vista como uma organização terrorista.
"Neste momento, devo denunciar que temos informações fidedignas, segundo as quais a polícia quer colocar armamento, durante esses dias, nas casas dos nossos membros na localidade de Cafunfo. Isso para que, no dia seguinte, elas sejam surpreendidas e presas e depois apresentadas na TPA (Televisão Pública Angola) no sentido de mostrar ao mundo que o Movimento Protectorado possui armas" , disse Zecamuchima em entrevista à DW África.
A DW África tentou, sem sucesso, ouvir uma reação do comando municipal da Polícia Nacional no Cuango.
Espancamentos
Na quinta-feira (05.10), quando aconteceu a manifestação, informações divulgadas pelo portal Maka Angola descreviam os protestos como violentos e que teriam resultado no espancamento brutal de vários agentes, um deles, o chefe de patrulha da Polícia Nacional. Mas o líder do Movimento Protectorado contraria essa informação:
"O senhor que falou para o Maka Angola foi uma pessoa irresponsável, porque deu uma série de informações que não condizem com a verdade. Deveria ser a Polícia Nacional a sair com o comunicado e explicar que a polícia foi maltratada. E se essa Polícia do Governo da República de Angola não apareceu com nenhum comunicado neste sentido, quer dizer que o que aconteceu, foi porque a polícia provocou", acrescentou Zecamuchima.
Polícia
O presidente o Movimento Protectorado Lunda Tchokwe, José Mateus, diz que se os manifestantes tivessem agredido os agentes da polícia, teria havido um banho de sangue. "Como é conhecido em Angola, se o povo fosse a agredir a polícia, com certeza essa teria disparado contra a população", disse Mateus.
No dia da manifestação, as autoridades prenderam cinco pessoas, estando quatro já em liberdade e uma continua detida. Entretanto, enquanto as autoridades angolanas continuarem a responder com o silêncio as reivindicações que visem a autonomia das Lundas, o "Movimento Protectorado continuará a mobilizar a população da região com vista a realização de manifestações generalizadas e antigovernamentais", segundo disse o presidente da organização, José Mateus Zecamuchima.
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