Angola: Novos protestos contra o regime e pela transparência da governação
2 de dezembro de 2011Angola vai ser palco de várias manifestações de protesto de estudantes e ativistas, no sábado (03.12.), contra a governação do Presidente José Eduardo dos Santos e do MPLA, pela redução das propinas no ensino superior e pelo fim das violações dos direitos humanos na região diamantífera da Lunda Norte.
Os jovens do Movimento Revolucionário Independente, com o apoio do Movimento Revolucionário Estudantil, da Fundação 27 de Maio e de um grupo de deficientes, protestam em Luanda contra o elevado custo do ensino universitário e a “débil situação social do país.”
Militantes do Partido da Renovação Social (PRS) vão manifestar-se em Luanda e na Lunda Norte para exigirem o fim da violência contra os garimpeiros que operam na região, alegadamente praticada pela empresa de segurança Teleservice, prestadora de serviços à Sociedade Mineira do Cuango, um consórcio de empresas de extração de diamantes.
Jornalista acusa generais
No final de Novembro, o jornalista angolano Rafael Marques apresentou uma queixa-crime contra sete generais ligados àquele consórcio, à Procuradoria-geral da República, em Luanda, acusando-os de “atos quotidianos de tortura e, com frequência, de homicídio”. Em declarações à agência Lusa, Marques considerou que as acções cometidas “configurarão a prática de crimes contra a humanidade”.
O secretário para os assuntos políticos do PRS, Benedito Daniel, afirmou que a manifestação se destina a “lutar pela causa do povo e para defender a liberdade” consignada na constituição angolana.
Em Luanda, ativistas e estudantes vão exigir a redução de propinas nas universidades e a melhoria das condições de vida da população. Gaspar Luanda, um dos organizadores, adiantou que tais objetivos só “poderão ser atingidos com a saída do Presidente José Eduardo dos Santos.”
Donildo Santos, da juventude do Movimento Revolucionário Independente, disse que a organização se associa ao protesto na capital angolana, para “protestar contra a mudança de local do mercado popular Roque Santeiro (em Luanda) e contra a pobreza”.
Luanda centro da corrupção
Este ativista acrescentou que o movimento pretende que o governo explique o destino dos fundos que o governo atribuiu ao Governo Provincial de Luanda, em 2009, “para aquisição de terrenos” e que José Eduardo dos Santos “explique ao povo” a origem da sua fortuna pessoal.
Em Setembro, na sequência das manifestações populares do dia 3, em Luanda, um tribunal angolano condenou 18 pessoas a penas de prisão entre 45 e 90 dias, tendo sido entretanto libertados.
Desde Março realizaram-se em Angola várias manifestações populares contra o regime de José Eduardo dos Santos, há 32 anos a frente do país, contra a corrupção e pela transparência na vida pública.
Autor: Manuel Vieira (Luanda)
Edição: Pedro Varanda de Castro/António Rocha