1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Angola: O que está a causar fuga de membros na UNITA?

António Ambrósio
11 de julho de 2024

Nos últimos dias, vários membros da UNITA renunciaram a sua militância. Mas a direção do maior partido da oposição angolana desvaloriza o abandono, considerando-o "normal". Situação não é "recomendável", diz analista.

https://p.dw.com/p/4iC3T
Angola UNITA-Vorsitzender Adalberto Costa Júnior
Angola Presidente da UNITA Adalberto Costa JúniorFoto: Borralho Ndomba/DW

Só na província do Bengo, pelo menos três candidatos à deputados nas últimas eleições gerais renunciaram a sua militância do maior partido da oposição angolana.

Maria João Mateus é uma das que entendeu colocar ponto final a uma trajetória de quinze anos na UNITA. Desempenhou várias funções, como de ministra das Pescas, Mar e Ambiente do Governo Sombra e foi candidata à deputada nas últimas eleições.

Elizário de Oliveira é outro que deu por encerrado o seu percurso de vinte e seis anos no galo negro. Já foi secretário provincial do braço juvenil dos maninhos, responsável pelos assuntos eleitorais, comissário eleitoral, candidato à deputado, entre outras funções. Oliveira desabafa:

"Permanentemente, eu era acusado de combater a direção do partido, isto é, o secretário provincial, desde o tempo do senhor Simão Dembo, passando pelo malogrado Álvaro Ndenguembwale, até ao atual secretário, permanentemente", conta.

 

E Oliveira prossegue com as denúncias: "O atual secretário provincial e o seu núcleo duro dizem: o Elizário nunca pode ser secretário provincial. O secretário provincial, por exemplo, Senhor Moniz Alfredo chegou mesmo a dizer: que o atual vice-presidente da UNITA disse: o Elizário só chegará a esta função passando por cima do meu cadáver.”

"JLo? Esperamos pelas evidências que a UNITA nos vai dar"

UNITA minimiza saída de membros do partido

Quem também seguiu o mesmo rumo é Jovete Domingos, cujo nome constou da lista de candidatos a deputados nas eleições de 2022.  Diz que o regionalismo, tribalismo e tráfico de influências levraram-nos a tomar a decisão. Jovete diz que  há pessoas que transformaram a UNITA num péssimo partido e recorre a uma analogia desportiva para justificar a sua saída.

"Os excelentes jogadores já mais permitem ficar numa equipa onde não são tidos e nem achados, nessa altura, se você é bom jogador acaba ficando aquecer o banco e perde o traquejo, como não queremos nos ver mortos politicamente, então, é preferível afastar-se e pensar numa nova Angola” disse.

No entanto, o segundo secretário provincial e deputado da UNITA,Joel Pacheco, entende ser uma decisão normal: "Estamos em democracia, é um ato normal que alguém a dada altura, tal como militou também entenda por fim a sua militância no partido, portanto, é a democracia. Acho que eles é que perdem a UNITA, não é a UNITA que perde”.

Mas há quem entenda que não é um fato a ser tratado com indiferença. O analista Simão Fernandes entende que “perder duas figuras mais uma assim, num ápice, não é recomendável para um partido que tem vocação para poder. Não é correto.”

Benguela: MPLA acusa UNITA de "disseminar a mentira"