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Hospitais do Lubango em dificuldades

Anselmo Vieira (Lubango)
2 de janeiro de 2017

Na periferia da cidade do Lubango, em Angola, partos à luz de velas são uma realidade quando autoridades governamentais falam em melhoria no setor da saúde.

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Paciente no Hospital do Lubango, AngolaFoto: Anselmo Viera

O cenário é dramático, partos à luz de vela, ambulâncias são substituídas por motorizadas para transportar as parturientes... é esta a realidade a que estão votados os munícipes dos arredores da cidade.

José Bonifácio Hangulo, de 45 anos de idade, diz que diversas vezes teve de sair da sua casa a meio da noite para socorrer pessoas que se sentiam mal. O morador da zona do Nabambi revela que "para que uma parturiente saia do Nabambi para a [Maternidade] Central tem que ser transportada numa ambulância e quando não há, recorre-se a táxis, motorizadas e quando não há nenhum outro transporte tudo fica mais complicado."

Hangulo manifesta a sua revolta: "De noite há um contraste que se pode assistir. A maternidade fica sem luz, mas as ruas ficam iluminadas. E quando se tem de levar alguém ao hospital de noite e não há lá energia elétrica os partos ou são feitos a luz de velas ou [as parturientes] têm de dormir numa kaleluia (motorizada de quatro rodas). Às vezes os partos são feitos ali.¨

Angola | Geburtsstation Nabambi
Sala de partos do Hospital do LubangoFoto: DW/ A. Vieira

Luz de telemóveis também ajudam no parto

Já Jandira Mercedes, professora de 40 anos de idade e moradora da comuna do Hoque, conta como foi o parto da sua filha mais velha de vinte e dois anos: ¨Aqui no Hoque não há condições, não há energia e nem medicamentos. Se a pessoa não morre é com a graça de Deus. Quando a minha filha Mariana teve a sua primeira filha não havia luz, o parto foi feito à luz de lanternas de telemóveis.¨

Marta Jelembi, de quarenta e nove anos de idade, diz que para além desta situação dos partos à luz de velas e lanternas de telemóveis existe também falta de condições nas maternidades da periferia da cidade do Lubango. Ela apela às autoridades para que mudem o quadro atual: ¨Nos hospitais não há luz nem medicamentos. O Governo tem de investir mais na saúde, isto está muito mal.¨

Já o Padre Jacinto Pio Wacussanga, presidente da Asssociaçao Construindo Comunidades (ACC), diz ser uma autêntica violação aos direitos humanos o que se passa na região: ¨Eu não sei quem aconselha as autoridades a procederem deste modo num pais que se diz um Estado de Direito ¨.

22.12.2016 Partos à luz de velas - MP3-Mono