Angola: Preços altos estão a agravar situação de fome
17 de setembro de 2022Falta comida na localidade de Makala Sede, na província do Namibe. Devido à seca prolongada, que já dura há mais de dois anos, as plantações estão prejudicadas e a fome castiga ainda mais a comunidade. A população pede socorro ao Governo.
"O povo sofre muita fome. Nós todos confiamos na agricultura, mas não sai mesmo nada", lamenta Vitorino Jeremias, regedor da localidade da Makala Sede, que lamenta o que a está a acontecer na região.
"As crianças dormem com fome. É por isso que nós queremos apoio, se o Governo nos apoia com alimentação. É mesmo um sofrimento, pois dependemos das hortas e quando das hortas não sai nada é mesmo um sofrimento. Por isso, o Governo tem que ver bem [esta situação]", adverte.
Vida de "sacrifícios"
A moradora Rosalina Ngueve fala em "sacrifícios" para sustentar os seus filhos, numa altura em que os preços dos alimentos também dificultam o acesso a comida.
"Na questão da fome, a economia está mesmo mal. (…) Aqui dependemos dos benguelenses, graças os benguelenses que vieram aqui para cultivar. Para nós que somos mulheres, eles metem tomate e nós vamos lá fazer biscates", explica. "Às vezes, por dia, conseguimos mil kwanzas. Mas como as coisas estão muito caras, às vezes só conseguimos um quilo de arroz ou dois quilos de fubá para sustentar as nossas crianças", relata.
A camponesa Maria Leonora enfrenta as mesmas dificuldades para alimentar a família. Para esta moradora de Makala Sede, tudo está mais caro, porque a seca está a influenciar ainda mais a subida dos preços.
"A pessoa vai à praça e só consegue três quilos de fubá, aí cozinha para as crianças comerem. No dia seguinte vai mais. No ano passado vimos o quilo de fubá a 650 kwanzas e o arroz a 800 kwanzas", conta.
Promessas do Estado
Nahoole Araújo, diretora do Instituto de Desenvolvimento Local (FAS), garante que a comunidade de Makala Sede já está inscrita para a próxima fase do projeto monetário Kwenda para minimizar a situação da fome. Depois dos municípios da Bibala e Camucuio, será a vez de Makala Sede receber as ajudas do Estado.
Em declarações à DW, Nahoole Araújo indicou que nos próximos dias uma equipa de agentes comunitários irá fazer o levantamento dos dados da população para oferecer uma ajuda emergencial o mais rápido possível às pessoas castigadas pela seca e, consequentemente, pela fome.
Na passada quinta-feira (15.09), o Presidente reeleito de Angola, João Lourenço, no seu discurso de tomada de posse, prometeu "dar continuidade e concluir" canais e barragens no âmbito da luta contra os efeitos da seca no sul do país.