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Angola tem novo partido, o P-NJANGO: Uma estratégia?

24 de maio de 2022

O Partido Nacionalista para Justiça em Angola foi legalizado. Dinho Chingunji, líder do P-NJANGO, aplaude a decisão do Constitucional após 11 anos de espera. Politólogo pergunta se será forma de tentar "dispersar votos".

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Eduardo "Dinho" Chingunji, líder do novo partido angolano P-NJANGO
Foto: N. Francisco Sul/DW

Eduardo "Dinho" Chingunji diz que, por estes dias, é um homem satisfeito.

O antigo ministro da Hotelaria e Turismo, indicado pela UNITA no então Governo de Unidade e Reconciliação Nacional, e candidato à liderança do maior partido na oposição no primeiro congresso pós-Jonas Savimbi, em 2003, viu legalizado o seu partido pelo Tribunal Constitucional. A certidão de reconhecimento do P-NJANGO chegou na segunda-feira, 23 de maio, onze anos depois da criação da comissão instaladora. 

Em declarações à DW África, "Dinho" Chingunji promete mudar o cenário político angolano. 

"Há 11 anos que fazemos um levantamento nacional sobre as possibilidades de criar um partido que não esteja ligado aos movimentos de libertação, que não seja um partido de dissidência, nem de pendor militarista", diz.

O novo partido P-NJANGO tem uma "ideologia clássica" de centro-direita, acrescenta.

"Os desafios são outros"

Filho de uma família tradicional na região sul de Angola e que esteve na base da fundação da UNITA, o maior partido na oposição, o líder do P-NJANGO é sobrinho de Tito Chingunji, um notável dirigente e antigo secretário das Relações Exteriores da UNITA que foi assassinado a mando de Jonas Savimbi devido a quezílias internas.

Conhecedor do modus operandi da política africana, o político diz que Angola precisa de uma "transição geracional".  

"É hora de um outro grupo de políticos, adequado aos momentos que o mundo vive no século XXI", anuncia "Dinho" Chingunji.

Politólogo angolano Olívio N'kilumbu
Olívio N'kilumbu: "Porque é que só se reconhece o partido de 'Dinho' Chingunji agora?"Foto: Borralho Ndomba/DW

"Estamos a passar o que muitos países africanos passaram. Durante muito tempo, dependemos de muitos movimentos de libertação. Reconhecemos o papel dos movimentos de libertação, este papel trouxe a independência, mas hoje os desafios são outros."

Boa ou má notícia?

Para o politólogo Olívio N'kilumbu, a criação do novo partido seria uma boa notícia, se Angola vivesse uma democracia plena. "Mas, numa democracia como a nossa, não consolidada – uma democracia só na Constituição – a primeira interpretação é que isso vai criar um ambiente de debate muito forte."

O analista lembra que "outros pretendentes à criação de partidos políticos, com outras experiências do ponto de vista do perfil político, mais avançadas, não conseguiram ser reconhecidos".

Olívio N'kilumbu sublinha que há mais de 10 anos que o Tribunal Constitucional não reconhecia novos partidos em Angola. A decisão a escassos meses das eleições gerais, previstas para agosto, também é motivo de questionamento para o analista.

"Porque é que só se reconhece o partido de 'Dinho' Chingunji agora? Como o regime angolano é um regime autocrático e controla toda a máquina político-legal, entende reconhecer agora para criar uma dispersão de votos", avalia.

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