Angola: trabalhadores da FRESCANGOL continuam em greve
25 de maio de 2016São mais de 200 trabalhadores da Empresa Distribuidora de Produtos Perecíveis de Angola (FRESCANGOL) que estão há quase um ano sem receber os seus salários. A entidade patronal, o Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, tem conhecimento desta paralização.
A greve abrange todos os funcionários da empresa, à exceção de alguns setores que funcionam em regime de turno, como as áreas de manutenção e de entreposto frigorífico.
“Estamos em greve desde o dia 26 de abril e até hoje não nos disseram nada”, afirma José Domingos, um dos funcionários no matadouro. “O sindicato já reuniu com a direção da empresa, que mandou aguardar pela resposta do ministro da Agricultura. Até ao momento, não nos disseram quando vão pagar os nossos salários.”
Trabalhadores passam dificuldades
Enquanto aguardam pela resposta sobre os pagamentos em atraso, as famílias destes trabalhadores continuam a passar dificuldades. Muitos já tiveram que tirar os seus filhos do sistema normal de ensino e alguns já estão a ser despejados das suas casas, por não conseguirem pagar as rendas.
“Há cinco meses que não consigo pagar a renda da casa. A senhoria não quer que continue lá, está a obrigar-me a abandonar a casa”, desabafa Zeferino Bambi, trabalhador da FRESCANGOL há oito anos.
Domingas Delgado, representante da Comissão Sindical, disse à DW África que a FRESCANGOL não paga os ordenados de 209 trabalhadores desde junho de 2015. Apesar das promessas de pagamento dos salários em atraso, um mês depois do início da greve os trabalhadores continuam sem ter nenhuma proposta dos órgãos envolvividos, inclusive do Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social.
“Tivemos um encontro com o Secretário de Estado do Ministério da Agricultura, que apenas nos mandou aguardar”, afirma Domingas Delgado. “Até ao momento, não temos nenhuma data precisa sobre o pagamento dos salários, nem uma resposta concreta.”
Os trabalhadores da Frescangol apelam ao ministro da Agricultura de Angola que os salários em atraso sejam pagos. "Apelo ao senhor ministro que resolva o nosso problema. Estamos a padecer. Não sabemos o que será das nossas vidas nos próximos dias", pede Zeferino.
A DW África tentou contactar a direção da Frescangol, mas sem sucesso.