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Angola: "Vala da morte" mata pessoas no Zango

14 de abril de 2020

No Zango 2, em Luanda, a "vala da morte" já causou mais de 30 mortes este ano. As obras do Governo para resolver o problema estão paradas devido à Covid-19. A época das chuvas acentua as preocupações dos moradores.

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Angola Luanda Vala da Morte
Foto: DW/M. Luamba

Inicialmente construída como vala de drenagem, a "vala da morte", situada no Zango 2, em Viana, na capital angolana, põe em risco várias famílias.

Segundo os dados da proteção civil e bombeiros de Angola, citados pela agência de notícias ANGOP, só este ano mais de 30 pessoas morreram na vala de drenagem, vítimas de afogamentos e acidentes de viação.

A comunidade está preocupada. "A vala mata muita gente mesmo", diz Tomás dos Santos, um dos moradores que a DW África ouviu no local. A situação piora com o tempo chuvoso: "Carros e pessoas escorregam e entram na vala quando está mais cheio, é complicado".

Angola Luanda Vala da Morte
Tomás dos SantosFoto: DW/M. Luamba

Moradores querem solução

A 22 de fevereiro de 2018, Manuel Augusto, de 28 anos, morreu afogado quando atravessava a ponte  de madeira improvisada sobre a vala. Três semanas antes, um cidadão de 40 anos tinha morrido no mesmo local e, em agosto do mesmo ano, cinco pessoas perderam a vida.

O último incidente na vala a céu aberto ocorreu no mês passado e causou 11 mortos e dez feridos. Pedro Ricardo, outro morador, não esquecerá o episódio que causou a morte a "crianças, jovens e senhores".

Tomás dos Santos entende que a conclusão das obras em curso no local é urgente, "pelo menos colocar um tampão em cima". Com a época chuvosa no país, a situação será "pior do que nunca”, afirma, lamentando a demora na resolução: "Estes dias entraram com este trabalho e o trabalho também nem acabou. Cavaram mais outra vala aqui, disseram que era para desaguar água do outro lado, estamos à espera e nunca estão nem aí".

Angola Luanda Vala da Morte
Pedro RicardoFoto: DW/M. Luamba

Pandemia paralisa obras em curso 

O governo provincial reconhece os riscos dos moradores do Zango. Segundo o governador de Luanda, Sérgio Luther Rascova, há trabalhos em curso para corrigir problemas técnicos na vala de drenagem existente. O dirigente admite que a vala, tal como foi construída, e "que causa estas mortes não tem utilidade" .

Quem vive no Zango ou por lá passa, explica, comprova isso mesmo: "Ela vai até às proximidades da via pedonal e aí não tem continuidade".

Segundo o governador, o Ministério da Construção, particularmente o Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA), está a trabalhar "para a colocação de manilhas, logo após o pedonal, para permitir que a vala tenha continuidade e faça o seu papel de drenagem".

No entanto, as obras que visam resolver o problema, abrindo uma nova vala de continuidade e a consequente cobertura da "vala da morte" estão paradas por causa do estado de emergência provocado pela Covid-19.