Angola: "Vou ser cabeça de lista em 2022", diz Chivukuvuku
23 de fevereiro de 2019A CASA-CE de Abel Chivukuvuku, criada em 2012, enfrenta há muito uma crise política. No entanto, o ainda líder da coligação não baixa os braços. "Temos que estar prontos e desbravar, se assim for necessário. Temos que estar prontos em 2020 e em 2022. É a dívida que temos para com os angolanos. Não podemos permitir que a esperança que transmitimos em seis anos morra hoje, não é justo e nem é digno. Eu estou pronto e aviso já que vou ser cabeça de lista em 2022, de quê não sei", disse.
Presença nas autárquicas
Abel Chivukuvuku, que falava, em Luanda, na Iª Reunião dos Independentistas da CASA-CE, disse ainda que é necessário encontrar uma solução para as primeiras autárquicas no país, que se realizam no próximo ano. "Sejam quais forem as circunstâncias, temos que encontrar uma fórmula para estarmos presentes em 2020. Para as eleições autárquicas não é preciso ter um partido. Podemos ter um movimento de cidadania e avançarmos em 2020", disse.
Na mesma ocasião, discursaram representantes das regiões norte, leste, centro e sul de Angola. "Ruptura" [com a coligação] foi a palavra mais ouvida, quer dos delegados, quer dos seus representantes.
Sobre este ponto, Abel Chivukuvuku foi claro: "Neste momento, estamos numa encruzilhada que nos vai obrigar a tomar decisões difíceis, mas que precisam da coragem que sempre tivemos. Nunca ouvi na minha vida pronunciar-se uma palavra tantas vezes como tenho ouvido [ruptura] nos últimos tempos", afirmou Chivukuvuku, voltando a frisar, no entanto, que "quem rompeu a CASA-CE foi o Tribunal Constitucional quando determinou que os independentistas não eram mais membros do conselho presidencial, atualmente constituído apenas por militantes dos partidos da coligação".
A ruptura entre independentistas e a CASA-CE poderá confirmar-se nos próximos dias. Para já, o ainda presidente da coligação deixa recados aos seus "companheiros". "A CASA-CE teve três pilares: o primeiro pilar foi a legalidade dos partidos constituintes, o segundo pilar foi a força humana e a experiência política dos independentes e o terceiro pilar foi a qualidade da liderança. Aos que têm hoje a ilusão de que só um pilar conta, não é verdade", disse.
Cinco dos seis partidos que compõem a coligação interpuseram um processo judicial pedindo uma clarificação sobre a gestão dos fundos e a presença de independentes nos órgãos de direção da CASA-CE. Em resposta, o Tribunal Constitucional esclareceu que os independentes não podem fazer parte do Conselho Presidencial da coligação e proibiu Abel Chivukuvuku de criar um novo partido dentro da estrutura existente.
Recados também para João Lourenço
Parte do seu discurso foi também dirigida à nova governação de João Lourenço, que se propõe combater a corrupção em Angola. Mas, Chivukuvuku questiona: "a vida dos angolanos melhorou?". O político constatou, de seguida, que "mais de 50 por cento da população angolana é pobre e que para muitos a vida piorou nestes últimos 15 meses". "E piorou porquê?", questionou. Porque, entende Abel Chivukuvuku, "a estratégia de governação do atual governo enveredou pela desvalorização contínua da moeda nacional, que trouxe o aumento do custo de vida e da inflação, o que teve como consequência a perda do poder de compra do cidadão".