Angolanos juntam dinheiro para ajudar jornalista
13 de outubro de 2011
Angola vive uma onda de solidariedade para com William Tonet, jornalista condenado a indemnizar três generais das forças armadas angolanas com 100 mil dólares norte-americanos. Os militares acusam o jornalista de difamação e calúnia. Se a quantia não for paga em cinco dias, Tonet será preso.
O jornal "Folha 8", do qual William Tonet é diretor, denunciou a alegada promiscuidade de altas patentes das forças armadas com negócios no ramo em que trabalham, o investimento no ramo dos diamantes, violações de direitos humanos e supostas negociações de terrenos pertencentes às forças armadas angolanas. Em sinal de solidariedade, os angolanos estão a juntar contribuições para ajudar o jornalista.
A coleta dos milhares
Falta pouco para juntar os 100 mil dólares sentenciados pelo Tribunal Provincial de Luanda. Desde que o juiz decidiu a favor das forças armadas, uma campanha de recolha de fundos está a movimentar a capital angolana.
A Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD) e outras entidades montaram duas tendas à disposição de quem quiser dar o seu contributo. Uma delas, montada no largo das escolas, reúne os jovens voluntários António, Alberto, Domingos e Bernardo, solidários com o jornalista. Na opinião deles, William Tonet é uma figura muito importante em Angola e por isso merece apoio. "Ele tem defendido muitas causas do povo angolano", dizem os jovens.
Também Miguel, vendedor ambulante e leitor do jornal há cerca de 20 anos, deu seu contributo e lembrou: "Deus é pela justiça".
António Ventura, presidente da AJPD, acredita que as contribuições continuarão a chegar e que virão inclusive de pessoas anônimas. O coordenador do grupo de solidariedade diz que outros postos de recolha serão criados em função da solicitação de populares que tencionam ajudar Tonet e que, segundo avança, aumenta a cada hora.
Juventude engajada
O grupo de jovens angolanos "pró-movimento revolucionário estudantil" levará a cabo, neste sábado (15.10.), uma marcha cujo foco principal é contestar a "má governação do país e apelar à liberação dos nossos irmãos", como explica o músico de intervenção "Marechal" Kamba Dyamuenho. Os protestos, acrescenta ele, são também contra as detenções injustas em Angola e o resultado do julgamento do jornalista William Tonet.
Autor: Manuel Vieira (Luanda)
Edição: Bettina Riffel/Marta Barroso