Angolanos querem mais qualidade no ensino superior
23 de novembro de 2017Angola conta atualmente com 62 instituições de ensino superior. Um número considerável já que em 2002, quando terminou a guerra civil, o país tinha apenas uma universidade.
Das pouco mais de sessenta instituições apenas oito são públicas, criadas para atender as necessidades do país. Mas o aumento significativo do número de escolas de curso superior ainda não se faz acompanhar pela qualidade e rigor necessários, sobretudo quando comparado com os demais países africanos.
Para o estudante universitário Antonino Sonjamba, a falta laboratórios em muitos cursos aliada à fraca preparação de alguns docentes constituem entraves à qualidade no ensino superior. "Até hoje, ainda não temos o que é exigido a nível internacional. Temos estruturas e professores, uns mais qualificados que outros, o que de algum modo não dá a qualidade desejada. Também temos problemas das infraestruturas."Eduardo Peres Alberto, secretário-geral do Sindicato dos Professores do Ensino Superior, entende que a qualidade do ensino superior em Angola reflete problemas básicos: "Refiro-me do ensino primário até ao ensino secundário. Este subsistema, de facto, enfrenta problemas graves, com a reforma deficiente a que o subsistema foi obrigado". Para o sindicalista, o Estado angolano falhou na definição das prioridades e políticas no sector da educação: "Houve erros graves, porque nós sempre defendemos que para o ensino superior há três práticas essenciais: o ensino, a investigação científica e a extensão universitária".
Alunos e professores
A fraca preparação, tanto de candidatos ao ensino universitário como dos docentes, é um dos aspectos mais apontados pelos críticos do sector para explicar os baixos níveis de desempenho.
Peres Alberto, secretário-geral do Sindicato dos Professores do Ensino Superior, concorda com as críticas. Defende a realização de um exame nacional como uma das formas de aferir as competências dos candidatos à universidade e espera mais rigor na seleção dos candidatos, sobretudo nas universidades privadas.
"O exame nacional seria feito por todos os estudantes da 12ª classe a nivel nacional, porque entendemos que esta prática poderá ajudar na avaliação da qualidade do nosso ensino", entende Peres Alberto.
Das 62 instituições de ensino superior do país apenas três fazem parte do ranking da Internacional Colleges and Universities. Na sua última actualização, este ano, a Universidades Católica ficou na posição 101, a Universidade Agostinho Neto em 175, e a Universidade Metodista, no 177º lugar.