Angolanos temem ano difícil
5 de janeiro de 2015José Armando Chicoca duvida muito que 2015 traga melhores condições de vida para os angolanos. O presidente da Associação de Motoqueiros e Transportadores de Angola, AMOSTRANG, na região Sul e Cuando-Cubango, está particularmente preocupado com a carência de alimentos que se faz sentir em algumas províncias e diz que se avizinham inúmeras dificuldades.
"Temos angolanos miseráveis num país rico", sublinha Chicoca. "Na província do Namibe, temos homens que passam dois a três dias sem nada que comer." Com o desacelerar do crescimento económico em alguns países que importam petróleo de Angola, incluindo a China, os próximos meses poderão ser ainda mais difíceis, diz.
Educação também enfrentará dias difíceis, diz sindicalista
O setor da educação também deverá continuar a enfrentar sérios problemas, de acordo com Manuel de Vitória Pereira, vice-presidente do Sindicato Nacional de Professores de Angola (SINPROF). O Estado continua a não fazer investimentos de grande envergadura, apesar das inúmeras carências que o setor enfrenta, critica o sindicalista.
"Promete-se equipamento e material escolar grátis à sexta classe e vai tudo para o mercado negro", denuncia Manuel de Vitória Pereira. "Além disso, há turmas debaixo de árvores, escolas em ruína - tudo isto prejudica."
Combater a corrupção
Elias Isaac também está pessimista quanto a 2015. O diretor em Angola da organização de defesa dos direitos humanos "Open Society" diz que, para melhorar as condições de vida da população, é fundamental que se lute contra a corrupção, introduzindo alterações profundas no funcionamento do Estado. Mas, segundo ele, o Governo não parece estar interessado nisso.
"As coisas pioraram desde 2002. Parece que a democracia veio legitimar a impunidade dos atos da grande corrupção. Eu não acredito que o poder político e governativo atual no nosso país tenha capacidades e vontade de combater a corrupção. Ninguém tenha ilusões sobre isso", diz Elias Isaac. "Só se pode combater a corrupção quando se promove a transparência e responsabilidade política e governativa."
No ano passado, Angola voltou a ter nota negativa no Índice de Perceção da Corrupção da organização não-governamental Transparency International, caindo para o lugar 161 num total de 175 países.
Mau ano não afetará política de combate à pobreza, garante Presidente
Na mensagem de Ano Novo, o Presidente angolano admitiu que 2015 seria um ano difícil para os angolanos devido à baixa dos preços do petróleo a nível global. Haverá cortes na despesa do Estado e "projetos que serão adiados". No entanto, José Eduardo dos Santos assegurou que as dificuldades financeiras não vão interferir no combate à pobreza.