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Antigos combatentes da RENAMO ameaçam RENAM Democrática

30 de agosto de 2022

Guerrilheiros pedem a fundadores do movimento "RENAM Democrática" que abandonem a ideia. E ameaçam: "Quem avisa, amigo é". Analista ouvido pela DW teme ressurgimento de discurso belicista.

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Foto: Getty Images/G. Guercia

Victor Viandro disse esta terça-feira (30.08) que a "brincadeira" tem limites. O presidente da Associação dos Combatentes da Luta pela Democracia (ACOLDE) vê com maus olhos a criação do movimento RENAM Democrática. Apelou, por isso, aos fundadores que desistam da ideia e partiu diretamente para as ameaças.

"Quem avisa, amigo é. Recuem antes que seja tarde. Ao manterem [o vosso propósito] estão a nos desafiar, e quem nos desafia sabe o que lhe espera", disse Victor Viandro.

Victor Viandro, presidente da ACOLDE
Victor Viandro, presidente da ACOLDEFoto: Marcelino Mueia/DW

A tensão politico-ideológica aumenta desde que ex-membros da RENAMO decidiram criar um novo partido com um nome bastante semelhante, a RENAM Democrática. Um dos fundadores do movimento é Vitano Singano, antigo membro da comissão política da RENAMO.

"Não estão autorizados a usar os nomes dos nossos saudosos, nem da RENAMO, alterados ou adulterados", acrescentou Viandro. "Apelamos para pararem imediatamente".

Ameaçar "não é solução"

Várias individualidades do maior partido da oposição moçambicana têm frisado que o problema não é criar um novo partido, mas usar um nome semelhante, alegadamente para tentar confundir os eleitores.

O secretário-geral do partido, André Majibire, ameaçou "tomar medidas" contra quem se atrever a manchar a imagem da RENAMO.

André Magibire, secretário-geral da RENAMO
André Magibire, secretário-geral da RENAMOFoto: DW

Mas para Lourindo Verde, esta não é a melhor abordagem. O analista político alerta para a necessidade de a RENAMO moderar o discurso e deixar de recorrer a ameaças.

"Esta nova abordagem que está a aparecer depois de a própria RENAMO assinar acordos de cessação das hostilidades e de reconciliação, para proteger os princípios democráticos, pode destruir o clima democrático, seja dentro da RENAMO ou fora", avisa.

O analista aconselha o partido de oposição a não perder o foco antes das eleições autárquicas de 2023 e das gerais de 2024.

"A RENAMO sabe como se chegou à paz", disse. "A única forma que existe é aceitar o surgimento do novo partido ou negociar a formação de uma força que possa estar em condições para desafiar o seu principal adversário, que é o partido Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO)", acrescentou.

Mosambik | Pressekonferenz RENAMO
Combatentes da RENAMO que aguardam pelo processo de desmobilização presentes na conferência de imprensa do partido, hoje, na ZambéziaFoto: Marcelino Mueia/DW

DDR "muito avançado"

A conferência de imprensa da RENAMO na Zambézia, esta terça-feira, antecedeu uma reunião à porta fechada com os guerrilheiros do partido que ainda aguardam a desmobilização no âmbito do processo do DDR.

Pela primeira vez, o secretário-geral da RENAMO elogiou na semana passada a forma como o DDR está a decorrer, apesar da província da Zambézia estar no fim da lista.

"O DDR está muito avançado. No dia 17 deste mês fomos encerrar a base militar de Montepuez. O número de bases desativadas é maior do que o das bases que restam."

Majibire estima que o número de desmobilizados no país já ultrapasse os 4 mil, num total de 5.221 ex-guerrilheiros.

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