Apoio político da UE: "Guiné-Bissau não é exceção"
28 de novembro de 2021"A União Europeia tem de se adaptar às circunstâncias políticas nos vários países parceiros e a Guiné-Bissau não é uma exceção", afirmou Rita Laranjinha, em entrevista à Lusa, quando questionada sobre em que medida as cíclicas crises políticas do país podem afetar a cooperação com a organização europeia.
Segundo a embaixadora, é "verdade que quando há instabilidade é mais difícil avançar na preparação da programação".
"Tem sido ainda assim possível. A imagem que a União Europeia tem deste país e a avaliação positiva que ouvi da parte dos meus interlocutores sobre a cooperação que tem sido feita ao longo dos anos prova que a União Europeia tem conseguido adaptar-se a essas circunstâncias e ter um quadro de cooperação continuado com a Guiné-Bissau", sublinhou.
"É óbvio que a ambição da União Europeia é sempre que haja estabilidade, diálogo interinstitucional e que haja cooperação entre as várias forças políticas, porque facilita o trabalho, mas porque é um fator essencial para o desenvolvimento e o progresso dos países parceiros", salientou Rita Laranjinha.
Durante uma estada em Bissau, a diretora-geral do Serviço Europeu de Ação Externa esteve reunida com as autoridades guineenses, realizou um encontro com vários membros do Governo, sociedade civil, e embaixadores de países de Estados-membros da União Europeia.
Apoio à exportação
Rita Laranjinha disse ainda que a UE tem toda a intenção de apoiar a Guiné-Bissau a exportar pescado para a Europa, fator de promoção do desenvolvimento e crescimento económico.
"Existe do lado da União Europeia toda a intenção de apoiar a Guiné-Bissau nesse processo, porque percebemos que isso é muito importante" para o país, salientou.
Terrorismo
A diretora-geral do Serviço Europeu de Ação Externa afirmou que a instabilidade na África Ocidental e a expansão do terrorismo estão a ser vistos pela UE "com preocupação".
"Agora com uma preocupação a mais curto prazo focado nas situações no Mali e na Guiné-Conacri. Estes golpes militares são realmente fatores de instabilidade e de preocupação", disse.
A embaixadora salientou que a União Europeia considera que as "organizações regionais têm um papel preponderante a realizar na tentativa de estabilização das situações" e lembrou que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) adotou, no caso do Mali, um conjunto de sanções.
"A União Europeia o que fez foi no último conselho dos Negócios Estrangeiros adotar um quadro legal que permite que quando isso for entendido adequado vir a aprovar um quadro sancionatório específico", afirmou.
"Acreditamos que deve haver soluções africanas para os problemas africanos e, portanto, seguimos a CEDEAO neste processo, obviamente fazendo uma avaliação própria das circunstâncias", explicou.
Rita Laranjinha destacou também que a UE vê "também com preocupação no quadro mais geral da sub-região a expansão dos movimentos terroristas" e o facto de se ver "que a ameaça desce para sul".