Arábia Saudita admite a morte de jornalista Jamal Khashoggi
20 de outubro de 2018A informação foi avançada, esta sexta-feira (19.10), pela televisão estadual da Arábia Saudita que deu conta ainda que estão já detidos 18 cidadãos de nacionalidade saudita suspeitos de envolvimento no crime.
"Investigações preliminares realizadas pelo Ministério Público sobre o desaparecimento do cidadão saudita Jamal bin Ahmad Khashoggi revelaram que discussões, que ocorreram entre ele e as pessoas que se encontraram com ele durante a sua presença no consulado saudita em Istambul, levaram a uma luta com o cidadão, Jamal Khashoggi, que causou a sua morte. Que a sua alma descanse em paz", refere a agência oficial de notícias SPA, citando os procuradores sauditas.
Segundo a mesma fonte, a agência estatal de notícias saudita, um conselheiro próximo do príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, foi demitido, juntamente com três líderes dos serviços de inteligência do reino e oficiais.
O jornalista Jamal Khashoggi, um crítico do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, vivia nos Estados Unidos. No dia 2 de outubro, deslocou-se ao consulado do seu país em Istambul, na Turquia, para ir buscar documentos necessários para se casar. E, desde aí, nunca mais foi visto.
Justificações credíveis
Desde que se questiona o que terá acontecido ao jornalista de 60 anos desde a última vez que foi visto, a entrar para o consulado saudita na Turquia, o presidente norte-americano, Donald Trump, não quis tomar uma posição. Este sábado (20.10), e após a declaração da Procuradoria-Geral da Árábia Saudita, Donald Trump considerou que as explicações dadas por Riade são credíveis. "Ainda é cedo, não terminamos a nossa avaliação ou investigação, mas acho que é um passo muito importante", acrescentou em referência ao caso.
Preocupação geral
O desaparecimento de Khashoggi gerou tensão entre a Arábia Saudita e alguns países ocidentais, como o Reino Unido, a Alemanha e a França, que têm pressionado os sauditas a inesvtigar o seu desaparecimento. O caso tem estado a gerar críticas um pouco por todo o mundo.
Já este sábado (20.10), o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse estar "profundamente preocupado com a confirmação da morte” do jornalista. De a acordo com um comunicado divulgado pela ONU, António Guterres aponta para a "necessidade de uma investigação rápida, completa e transparente sobre as circunstâncias da morte" de Jamal Khashoggi. "Os responsáveis são totalmente responsáveis" pelas suas ações, acrescentou o secretário-geral das Nações Unidas.
Também a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, condenou o sucedido, afirmando que "o assassínio de Jamal Khashoggi recorda-nos que temos de lutar pela liberdade de imprensa, porque é essencial para a democracia". A responsável considerou que a responsabilização dos culpados "não é negociável" e instou as autoridades sauditas a levarem a cabo uma investigação profunda e a conduzirem os responsáveis à justiça.
Por sua vez, a Amnistia Internacional questiona "a imparcialidade" das investigações sauditas ao sucedido e defendeu uma investigação independente. Citada pela Associated Press, a responsável da Amnistia, Rawya Rageh, sublinhou que os grupos de direitos humanos estão preocupados com o "branqueamento" na investigação.