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Liberdade de imprensaMoçambique

Cabo Delgado: Há jornalistas comunitários escondidos

Lusa
9 de novembro de 2020

É o que diz o Fórum Nacional de Rádios Comunitárias (Forcom), que está preocupado com a situação de um grupo de jornalistas comunitários em Cabo Delgado, escondidos há 10 dias nas matas devido à violência armada.

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Foto: Borges Nhamire

"Informação na posse do Forcom dá conta que a maior parte dos jornalistas que se encontram nas matas estão incomunicáveis e a sobreviverem em condições humanamente deploráveis e de insegurança", lê-se num comunicado da entidade, divulgado esta segunda-feira (09.11).

Segundo o Forcom, no dia 31 de outubro, os insurgentes ocuparam a Igreja Paroquial do Sagrado Coração de Jesus (distrito de Muidumbe), onde está localizada a Rádio Comunitária São Francisco de Assis, e, pelo menos, nove jornalistas foram obrigados a fugir para as matas com as suas respetivas famílias. As instalações da rádio foram destruídas, estando ainda os insurgentes naquele distrito, segundo o Forcom.

O grupo de jornalistas procurou refúgio nas matas e agora tenta sair da região atacada em direção a distritos considerados seguros, havendo também entre eles, pelo menos, um caso de um repórter que perdeu um parente na sequência dos ataques. 

Mosambik Straßenschild am Abzweig in Richtung Muidumbe und Mueda
Foto: DW/A. Chissale

Relatos da violência

"Meu pai foi decapitado. Estamos a morrer de sede e fome, três dias sem comer nada e eu estou com os meus sobrinhos. Assim estamos a pedir socorro", relatou um dos jornalistas numa mensagem telefónica citada pelo Forcom.  

"Face à situação, o Forcom está a envidar todos os mecanismos por forma a garantir todo o apoio necessário aos jornalistas que se encontram nas matas, para salvaguardar a sua integridade física e segurança. O Forcom entende que o Estado deve garantir a segurança dos cidadãos", acrescenta o documento.

Vítimas de ataques em Cabo Delgado em fuga pela vida

A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, é palco há três anos de ataques armados desencadeados por forças classificadas como terroristas e que se intensificaram este ano.

Há diferentes estimativas para o número de mortos, que vão de 1.000 a 2.000 vítimas. Segundo dados oficiais, há, pelo menos, 435 mil deslocados internos.

A capital de Cabo Delgado, Pemba, está desde meados de outubro a receber uma nova vaga de deslocados, que viajam em barcos precários. As vítimas da violência na região rica em gás natural têm se espalhado por outras regiões, nomeadamente as vizinhas províncias de Niassa e Nampula, mas as autoridades locais já tem oferecido ajuda a famílias refugiadas que chegam mais a sul, nomeadamente à Zambézia e Sofala.

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