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Ataques em Cabo Delgado: UE pede "aliança estratégica"

Lusa
28 de novembro de 2019

O embaixador da União Europeia em Moçambique defende a criação de uma aliança estratégica coordenada com o Governo do Presidente Filipe Nyusi para lidar com o fenómeno do extremismo violento no norte do país.

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Casa destruída num ataque em Naúnde, em agosto de 2018.Foto: DW/A. Chissale

"É importante estabelecer uma aliança estratégica e coordenada com vista a identificar a ameaça com que nos deparamos e criar abordagens que permitam salvaguardar a sustentabilidade regional (África Austral)", afirmou António Sánchez-Benetido Gaspar durante um seminário sobre extremismo violento na África Austral, na capital sul-africana, Pretória, que termina esta quinta-feira (28.11).

Segundo o diplomata, a atual insegurança na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, ameaça alastrar-se à região Austral do continente africano, nomeadamente à vizinha África do Sul e aos países do 'interland'. "Não temos quarenta anos ao nosso dispor para ações que não produzem resultados. Temos de encontrar soluções para mitigar este problema nos próximos cinco anos", salientou.

"É necessário considerar novos métodos para lidar não só com as causas deste fenómeno, mas também com a sua possível evolução e as mudanças rápidas que ocorrem devido à digitalização e tecnologia, entre outros", salientou o diplomata.

"É interessante notar que, nos últimos dois anos, o envolvimento da UE no combate ao extremismo violento aumentou comparativamente ao combate às atividades de terrorismo", frisou.

Mosambik, Macomia: Mucojo village had houses destroyed by armed groups
Foto de arquivo (2018): Ataque na vila de de Mucojo, distrito de MacomiaFoto: Privat

Partilha e investimento

No caso de Moçambique, o embaixador europeu disse depois à agência de notícias Lusa que o Governo moçambicano deveria liderar uma estratégia integrada para fazer face à crescente violência em Cabo Delgado, tendo em conta os diferentes atores no terreno.

"Como parceiros, estamos aptos a assistir, mas temos também de contar com as comunidades locais, as organizações da sociedade civil e também com as empresas privadas, não só aquelas que estão a operar no setor do gás e petróleo, mas de todas as indústrias", afirmou.

"Pode haver uma partilha por parte do Governo e uma aliança estratégica em que todos podemos investir mais na criação de condições melhores para as populações locais, oferecendo serviços básicos, criando oportunidades de emprego para os moçambicanos no quadro de uma abordagem multifacetada", declarou à Lusa António Sánchez-Benedito Gaspar.

A conferência, subordinada ao tema "Como lidar com o extremismo violento na África Austral", é organizada pela União Europeia (UE) em coordenação com parceiros regionais, nomeadamente o Instituo de Estudos Segurança (ISS) da África do Sul, e reúne hoje na capital sul-africana investigadores, académicos, diplomatas, e especialistas em terrorismo e segurança regional para analisar o fenómeno emergente de grupos radicais em Moçambique e no sul de África.

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