Movimentação de terroristas preocupa população de Meluco
2 de novembro de 2023"Na segunda-feira (30.10) passou aqui, em Nangororo, um grupo não especificado de terroristas, rumo à zona de Imbada, mas não causaram quaisquer danos. O mesmo grupo foi visto em Muaguide", disse à Lusa uma fonte da comunidade de Nangororo.
A mesma fonte acrescentou o grupo de terroristas foi avistado cerca das 20:00 locais de segunda-feira pela população de Nangororo, vindo do distrito de Quissanga, atravessando a estrada próximo a residências, o que levou alguns moradores a dormirem fora das suas casas.
"Eram muitos, mas não fizeram nada e nem falaram com ninguém. O certo é que passaram e nós temos receio de isso continuar", lamentou a mesma fonte.
No dia seguinte, na terça-feira (31.10), o grupo foi visto no posto administrativo de Muaguide, ainda em Meluco, nos campos de produção. Os supostos terroristas também não se dirigiram a ninguém, mas a população acabou por abandonar os campos.
"O desespero é maior. Às vezes pergunto-me por que é que isso continua", lamentou uma fonte local, a partir de Meluco.
Contactada pela Lusa, uma fonte da força local que está no terreno, confirmou as queixas da população, mas garantiu estarem a trabalhar para que não haja invasão por parte dos grupos de terroristas.
"A verdade é que a população falou e nós estamos a trabalhar para ver se nada acontece. A população não pode voltar a fugir, merece ficar em paz, produzir e desenvolver outras atividades para o bem de Meluco", disse a fonte, a partir da sede distrital da força local em Meluco.
Insurgência armada
Nangororo localiza-se ao longo da Estrada Nacional 380, uma das poucas asfaltadas da região, fazendo fronteira com o distrito de Macomia, região central de Cabo Delgado onde há três anos a comunidade foi também alvo das incursões dos rebeldes, obrigando à fuga de centenas para Pemba e outros pontos da província e fora dela.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos, ACLED.