Mau atendimento de idosos em Moçambique
10 de dezembro de 2015"Ancha" costuma ir à Segurança Social com um único objectivo: receber as pensões de viuvez. Mas a idosa conta que, muitas vezes, quando faz perguntas, os funcionários a tratam mal. Já por várias vezes lhe responderam com palavras ofensivas. É algo a que não está habituada, diz: “Meu falecido esposo sempre me tratou bem. Vivi feliz com ele durante 35 anos. Perdeu a vida sem soltar palavras feias para mim”.
À semelhança de "Ancha", uma outra viúva, que pediu para não ser identificada, disse que foi alvo de injúrias na semana passada: “Acusaram-nos de matarmos os nossos maridos. Isso diz-se? Isso é para magoar. Eles fartaram-se de trabalhar e pagar para assegurar o futuro da mulher e dos filhos. E agora que precisamos, querem-nos ofender?”
Mau atendimento costumeiro
Não se trata de casos pontuais ou excecionais. A DW África apurou junto de reformados que esta é uma situação que se vem verificando ao longo dos últimos cinco anos, sem que tenham sido tomadas medidas concretas para a combater. Além das injúrias, há ainda queixas de que os mais velhos passam muito tempo na sala de espera para serem atendidos. O que contraria abertamente os regulamentos em vigor no país que exigem que seja dada prioridade aos idosos.
O recém-empossado diretor Provincial do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Domingos Sambo, desdramatiza, salientando que estes são problemas do passado. E promete punições, caso haja novas denúncias de desrespeito aos idosos e demais utentes da Segurança Social. Sambo não especificou o teor das punições. Mas referiu apenas que haverá avisos prévios: “Haverá sempre trabalhos de sensibilização. Estamos a sensibilizar os colegas no sentido de darem maior atenção aos pensionistas e de darem respostas naquela que é a nossa missão de servir o cidadão condignamente”, disse.
Na província de Nampula, o Instituto Nacional de Segurança Social assiste mais de três mil pensionistas, na sua maioria idosos.