Ativistas angolanos pedem devolução de bens apreendidos
12 de julho de 2016Oito ativistas do caso 15+2 entregaram esta terça-feira (12.07) uma carta ao Tribunal Supremo e à Procuradoria-Geral da República em que pedem a devolução dos bens apreendidos aquando da sua detenção em 2015 por alegados atos preparatórios de rebelião. Segundo os jovens angolanos, na lista dos bens constam, por exemplo, documentos pessoais, telefones, computadores e máquinas fotográficas. Até agora, apenas Nuno Dala recebeu os seus pertences.
"A carta só tem um objetivo: A devolução dos nossos bens. Temos a consciência de que, ao longo deste processo, não conseguimos nada sem pressão e que só vamos reaver os nossos bens se pressionarmos", afirma Sedrick de Carvalho em entrevista à DW África.
O ativista diz que ele e os colegas enviaram a carta porque, na quinta-feira (07.07), se dirigiram à 14.ª Secção dos Crimes Comuns do Tribunal Provincial de Luanda, onde foram julgados, para pedir os seus pertences, mas muitos dos objetos apreendidos não estavam lá; outros estavam danificados.
De acordo com Sedrick, as autoridades apresentaram justificações contraditórias, dizendo ou que não estavam autorizadas a devolver os bens, ou que os itens tinham sido enviados ao tribunal pelo Serviço de Investigação Criminal. Os jovens pedem responsabilidades.
"Temos consciência de que neste país quem resolve tudo é o Presidente"
Caso as autoridades não respondam no prazo de dois dias, Sedrick de Carvalho afirma que os ativistas irão marchar até à Presidência da República, em Luanda.
"Temos plena consciência de que, neste país, quem resolve tudo é o Presidente da República. A nossa marcha será simbólica - para que o senhor Presidente dê ordem a quem deve dar para nos devolvam as coisas", explica. "Se calhar, ele tem uma linha direta com Januário Domingos [juiz responsável pela condenação dos 15+2], então que o ordene a devolver os nossos materiais."
Sedrick de Carvalho refere ainda que, com a marcha, não há motivos para serem novamente acusados de tentar levar a cabo um golpe de Estado. Aliás, "o próprio Presidente da República não se encontra no país", diz.