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Auditoria às dívidas ocultas vai "aprimorar" transparência

Leonel Matias (Maputo)
15 de maio de 2017

Presidente moçambicano diz que auditoria às dívidas ocultas contribuirá para melhorar os mecanismos de gestão no país e restaurar a confiança dos parceiros. FMI espera que os resultados sejam divulgados ainda este mês.

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Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/M. Yalcin

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse este fim-de-semana que a auditoria da consultora Kroll às chamadas "dívidas ocultas" ajudará a apurar responsabilidades.

"As conclusões do relatório de auditoria independente e internacional irão contribuir para o aprimoramento das ações do Governo já em curso no que concerne aos mecanismos de gestão, transparência de contas públicas e responsabilização", afirmou Nyusi.

A consultora norte-americana foi escolhida em novembro de 2016 para conduzir uma auditoria às empresas Proindicus, EMATUM (Empresa Moçambicana de Atum) e MAM (Mozambique Asset Management), que contraíram dívidas num valor superior a dois mil milhões de dólares com garantias do Executivo, sem o conhecimento do Parlamento.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou, no sábado (13.05), ter recebido no dia anterior o relatório da auditoria, após três adiamentos, mas acrescentou que estava a proceder à sua análise e verificação para aferir da sua conformidade com os termos de referência.

Num comunicado divulgado em Maputo, a Procuradoria promete partilhar com o público os resultados da auditoria, o mais breve possível, mas não indica uma data.

Schiffe von EMATUM in Mosambik
Barcos da EMATUM, em MoçambiqueFoto: EMATUM

Para quando os resultados?

O representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Moçambique, Ari Aisen, saudou a entrega do relatório e disse esperar a publicação de um resumo da auditoria até ao final deste mês.

A PGR já adiantou que, na divulgação dos resultados, será salvaguardado o segredo de justiça, uma vez que o caso ainda se encontra em instrução preparatória.

A instituição admitiu, no ano passado, a existência de indícios de "uma violação da legislação orçamental e no que diz respeito à não observância dos limites e dos procedimentos legais" na concessão das garantias pelo Governo. Ainda segundo a PGR, estas ações configurariam "um ilícito criminal na forma de abuso de cargo ou função".

O Presidente Filipe Nyusi sublinhou que confia nas instituições moçambicanas e reafirmou a sua abertura para cooperar: "Reafirmamos a disponibilidade do Governo de Moçambique em continuar a conceder todo o apoio que se julgar necessário para a conclusão deste processo conduzido pela Procuradoria-Geral da República", disse.

Auditoria às dívidas ocultas vai "aprimorar" transparência

Confiança dos parceiros

A descoberta em abril de 2016 das dívidas ocultas levou o FMI e 14 doadores internacionais a congelarem a ajuda ao Orçamento Geral do Estado moçambicano até à conclusão de uma auditoria independente e internacional.

Para o chefe de Estado, os progressos registados no restabelecimento da paz efetiva e as medidas em curso de correção macroeconómica são determinantes para restaurar a confiança junto dos parceiros e investidores.

"Convidamos os parceiros de cooperação não só a apoiar essas reformas como também a retomarem de forma plena a sua parceria como forma de consolidar o seu apoio aos esforços do Governo em prol do desenvolvimento do país", concluiu Nyusi.