Aumenta brutalidade policial no Gana
24 de maio de 2022Na quarta-feira (11.05), um grupo de jovens de Nkronza, na região de Bono, no leste do país, rebelou-se e atacou a esquadra policial local, depois de um jovem empresário, Albert Akwasi Donkor, de 28 anos, ter sido alegadamente assassinado enquanto se encontrava sob custódia policial.
A polícia afirma que Albert morreu numa troca de tiros entre assaltantes armados e agentes, que recorreram a balas reais para dispersar os manifestantes.
Mas Enoch Nakoja, um residente local, nega a versão policial. "Fiquei chocado quando ouvi. Mesmo que fosse um ladrão armado, esta não é a forma de matar alguém", critica.
População pede justiça
Comfort Gyamiah, mãe de Albert Akwasi Donkor, não tem dúvidas de que o seu filho foi assassinado pela polícia: "Dói-me muito que tenham detido o meu filho e que mais tarde me tenham dito que ele está morto, não compreendo isso".
Por isso, exige justiça. "Se prendem um suspeito, colocam-no numa cela. Por isso, exijo que o meu filho me seja trazido de volta".
Muitos ganenses alertam para o uso excessivo da força policial.
Emmanuel Kwadwo, deputado pelo círculo eleitoral de Nkronza, exige um inquérito independente sobre a atuação policial. "Os polícias já mataram muitas pessoas no Gana. E dizem que as entregam a Deus", critica.
Críticas à formação dos agentes
A morte do jovem Albert Donkor é apenas uma de tantas outras causadas pela brutalidade policial em quase todo o país.
E os autores não são responsabilizados, denuncia a cidadã Augustina Tawiah. "Noutros países, quando há confusão algures, a polícia vai restabelecer a paz, utilizando meios persuasivos, como água, ou gás lacrimogéneo, não usa balas", sublinha.
Muitos cidadãos no Gana defendem que a má qualidade na formação dos agentes da polícia está na origem da sua brutalidade.