Aumento do combustível prejudica taxistas em Maputo
27 de julho de 2018O taxista António Sitoe, de 54 anos, conta que o desespero tomou conta deste grupo profissional em Maputo. Com a vida mais cara, há cada vez menos clientes – que optam por alternativas mais em conta, como os transportes semicoletivos de passageiros ou "chapas".
"A título de exemplo, hoje só levei uma pessoa. Já passam das 12 horas. Não sei se vou levar mais alguém. Reduziu muito e pelo que estou a ver esse aumento afetou outras áreas. Antes tínhamos muitos clientes, mas agora são poucos. Nem sabemos se vamos aguentar com este serviço ou se vamos ter que abandonar", ponderou António Sitoe.
Outro taxista, Arlindo Nhantumbo, diz que, em média, já só tem dois clientes por dia – e isso nem compensa o combustível gasto. Nhantumbo queixa-se dos aumentos constantes do preço da gasolina, que custa agora o equivalente a um euro por litro. Há pouco mais de um ano rondava os oitenta cêntimos. Dependendo da distância, cada cliente paga entre o equivalente a quatro e cinco euros.
"Eu não vejo aonde vamos. Imagina que eu vivo na Liberdade [bairro no município da Matola] a minha ida e volta são 300 meticais [cinco euros] e chego aqui na praça só faço uma corrida de 200 meticais [quatro euros]", calcula.
Concorrência
E a concorrência é muita para os poucos clientes que ainda usam táxi. Boaventura Cossa conta que há muitos taxistas que já nem ficam nas praças, como manda a postura camarária.
"Já nem usam praças, usam esquinas. Então, praticamente não há negócio", denuncia o motorista de táxi, que se questiona o que vai resultar das constantes subidas de preço do combustível. "Alguns abandonaram a atividade, porque já não temos rendimento".
Crise afeta outras categorias de transporte
A crise também já chegou aos mototáxis, os chamados "txopelas" – que muitos clientes até preferem, porque se desembaraçam com facilidade no tráfego intenso da capital moçambicana.
Joaquim Wate conta que, por dia, ainda consegue lucrar o equivalente a 11 euros, mas é um exercício muito complicado. "Por exemplo, entro de manhã às seis ou sete e em vez de sair as 17h ou 18h tenho que sair as 21h ou à meia-noite para conseguir alguma coisa, uns 300 meticais [cinco euros] no bolso. Desmoraliza muito, porque se vou às bombas abastecer e não se sente nada, então entro na praça e não consigo fazer dinheiro de combustível".
O mototaxista Tomás Manhiça espera por melhores dias a partir de setembro, com a vinda do verão e de mais turistas. "Não sei como há de ser porque ultimamente não há dinheiro. Talvez nos próximos meses, no verão, é quando as coisas podem melhorar um pouco".
Ele diz que aumentar o preço do serviço seria uma alternativa para compensar os custos com o combustível, "mas as pessoas não aceitam". "A situação é complicada, mas não há como", afirma Tomás Manhiça.