Ausência de Putin na cimeira BRICS gera reação internacional
20 de julho de 2023O presidente russo, Vladimir Putin, confirmou que não irá marcar presença na cimeira dos BRICS, entre os dias 22 e 24 de agosto, em Joanesburgo, na África do Sul, de forma a evitar o mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI).
Como membro do TPI, que ordenou o mandado de detenção contra o presidente russo, a África do Sul está sob pressão para prender Putin, assim que este pisasse em solo sul-africano.
Assim sendo, o mandatário russo não se irá deslocar ao país, em agosto, e a Rússia será representada por Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros.
Tanto o posicionamento neutro da África do Sul, como a extensão do convite da cimeira dos BRICS a Vladimir Putin, têm sido alvo de críticas e análises pela comunidade internacional.
Annalena Baerbock, ministra alemã dos negócios estrangeiros, afirma: "Isto demonstra que o direito penal internacional, apesar de todas as suas lacunas, é um instrumento eficaz. E os que violam gravemente o direito internacional não podem viajar pelo mundo como antes".
África do Sul recebe "cartão de saída da prisão"
A África do Sul, que sediará a cúpula dos BRICS – composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - estava no centro das atenções desde março, quando confirmou o convite ao presidente russo para participar das reuniões - apesar da ordem de prisão expedida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra ele por alegados crimes de guerra na Ucrânia.
O TPI acusou Putin e a Comissária para a Infância russa, Maria Lvova-Belova, de crimes de guerra pela deportação de crianças da Ucrânia para a Rússia.
Segundo o analista político Ronak Gopaldas, Putin não participar na cimeira, entre os dias 22 e 24 de agosto, em Joanesburgo, alivia a pressão sob a África do Sul.
"Pretória recebeu uma espécie de “cartão de saída da prisão". É que a lei era inequívoca sobre as obrigações da África do Sul. Teriam de prender Putin, se ele tivesse chegado. Se não o tivessem feito, Pretória teria ficado em maus lençóis - não só em termos do Estado de direito, mas também em termos da reação da comunidade empresarial e da comunidade internacional. Agora, os últimos acontecimentos permitem ao líder africano, Ramaphosa, manter a sua posição como um governo que respeita o Estado de direito", explica Golpadas.
Rússia não afirma nem desmente
A África do Sul tem mantido uma posição de neutralidade no conflito Rússia/Ucrânia e defende que a situação deve ser resolvida "através do entendimento mútuo e da diplomacia”.
Contudo, Ramaphosa disse, esta semana, que foi advertido pela Rússia de que "prender Putin seria uma declaração de guerra”.
Do outro lado, o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, negou esta afirmação aos jornalistas, numa conferência de imprensa diária, esta quarta-feira (20.07).
Peskov afirmou que a Rússia "nunca disse que cumprir o mandado do TPI significaria guerra”, mas acrescentou que "todos neste mundo sabem perfeitamente o que significa agir contra o chefe de Estado russo. Por isso, não é preciso explicar mais nada”, concluiu.