Avião de Moise Katumbi impedido de aterrar na RDC
3 de agosto de 2018O avião em que viajava, esta sexta-feira (03.08), o ex-governador da província de Katanga, proveniente da África do Sul, não recebeu autorização para aterrar em Lubumbashi, na República Democrática do Congo (RDC). Moise Katumbi foi então forçado a viajar por terra, a partir da fronteira com a Zâmbia.
De acordo com o porta-voz de Katumbi, Olivier Kamitatu, o opositor do Presidente Joseph Kabila, exilado na Bélgica desde maio de 2016, planeava aterrar no Aeroporto Internacional de Luano, em Lubumbashi, no sudeste do país, para formalizar a candidatura às eleições presidenciais, agendadas para 23 de dezembro, mas foi proibido pela administração local e pela Autoridade para a Aviação Civil de entrar no espaço aéreo congolês.
Órgãos de comunicação social locais dão conta da saída da caravana de Katumbi em direção a Kasumbalesa, uma cidade fronteiriça entre a Zâmbia e a RDCongo, onde deverá ter chegado, segundo relatos no Twitter, ao final desta manhã.
Mandado de prisão
Katumbi anunciou, esta quarta-feira (01.08), o seu regresso à RDC para formalizar a sua candidatura às próximas eleições presidenciais. No dia seguinte, a polícia deu conta de que iria executar um mandado de prisão datado de 2016 para o capturar.
Este opositor de Kabila foi condenado à revelia em junho de 2016 e sentenciado a uma pena de prisão de 36 meses pela venda de uma casa que não era sua. O caso tem contornos semelhantes ao que envolveu outro político congolês, Jean-Claude Muyambo, condenado sob as mesmas circunstâncias.
A organização não-governamental RDC Vision National partilhou, ao início desta manhã, algumas fotos que mostravam veículos de água quente e vários agentes da polícia a dispersar a população no centro de Lubumbashi. Foram igualmente partilhadas várias fotos com carrinhas de caixa aberta da polícia com vários militares armados a patrulhar a cidade.
Chegou à RDC, também esta semana, outro rival de Kabila, o ex-líder rebelde Jean-Pierre Bemba, que já formalizou oficialmente sua candidatura à presidência.
A RDC nunca conheceu uma transição pacífica de poder desde que conquistou a independência em 1960. Alguns especialistas temem que as eleições de 23 de dezembro possam desencadear um conflito sangrento.